domingo, agosto 20, 2006

Resistência nacional libanesa: quais os próximos passos?
Análise política do Partido Comunista Libanês - 20/07/2006

Esta é uma guerra fanática e aberta de Israel contra o Líbano. E não tem nada a ver com o caso dos dois prisioneiros israelenses.
Esta é uma guerra premeditada que aguardava a hora certa para ser iniciada. É uma guerra que foi iniciada por Israel contra o Líbano depois de sua libertação em 2000, depois dos eventos de 11 de setembro de 2001 e depois do que aconteceu no Afeganistão, no Iraque, e na Palestina.
É uma guerra ianque-israelense, por excelência. O projeto conjunto deles [Israel e EUA] foi enfraquecido e tentam compensar tanto quanto possível esse enfraquecimento ou, poderíamos mesmo dizer, contornar as reais e sérias dificuldades enfrentadas na implementação de seus planos para a região.
A doutrina da guerra contra o terror, do uso de armas de violência e da democracia ao estilo norte-americano, na prática, falhou no Iraque, na Palestina, na Síria, no Irã e mesmo no Líbano, onde foi impossível executar a resolução 1559 da ONU. A doutrina de proteger Israel, sua segurança e seu programa estratégico também se enfraqueceu por causa da derrota de Israel no Líbano em 2000, da vitória do Hamas, do fracasso de todos os ‘mapas do caminho’ que foram urdidos para a Palestina e o Líbano.
Falhou também por causa da existência do Hezbollah e suas armas no sul do Líbano, sua ligação com o Irã e as armas nucleares, e da Síria com sua posição e resistência mesmo depois de sua retirada do Líbano em 2005. Todos esses fatores dificultaram continuamente [a implementação do] o programa ianque-israelense para a região.
Esta é, portanto, uma guerra aberta, de acordo com o novo equilíbrio de forças internacional e regional. É um sumário do desenrolar de todos esses acontecimentos, de seus altos e baixos, em seus vários níveis e com seus vários pesos.
O Líbano, novamente, e agora por nove dias, tem sido o alvo desta agressão total e sistemática, cujo objetivo não é apenas remover o Hezbollah ou sua resistência armada, como os estadunidenses, europeus, alguns árabes (particularmente Arábia Saudita, Egito e Jordânia) e as forças na Revolução de Cedro Libanesa alegam. Seu objetivo real é esmagar a resistência e a unidade, atar o Líbano à estratégia ianque-israelense, e então virar a mesa contra os elementos que têm dificultado [a implementação do] o programa imposto por Bush e sua administração, atingindo alvos múltiplos para, através do Líbano, chegar à Palestina, Síria e ao Irã.
Submeter o Líbano a nove dias de agressão é parte desta estratégia. Isso abriu as portas para várias possibilidades, tendo em vista as características interpenetrantes e interligadas desta agressão. Estão claramente expostos o tamanho, a qualidade e a força numérica da máquina de guerra agressora usada para atingir e destruir as instituições civis do Líbano, perpetrando massacres contínuos de civis em aldeias, casas e estradas. Espalhando o terror enquanto manipula diferenças religiosas e sectárias no Líbano a fim de alterar a situação no país, abrir uma fissura que ajudará a debilitar o esforço da firme oposição ao invasor, tirando proveito da natureza e da composição do sistema sectário, que é por si mesmo um gerador de crises e um obstáculo para criar um ambiente de leis e instituições.
Apesar do poder desta agressão brutal, da extensão das perdas humanas e materiais e da imensa maré de refugiados, cujos números excederam meio milhão; apesar da ausência intencional dos EUA somada à forte pressão sobre os grupos humanitários internacionais, e apesar da morosidade dos governos em implementar um plano de emergência de alívio imediato e rápido, o Líbano – por sua unidade nacional e heróica resistência – mostrou uma vez mais que o desejo de lutar contra o invasor é mais forte e a determinação do esforço de resistência nacional é maior.
Essas são as respostas naturais à agressão israelense e seus objetivos. Essas são as respostas naturais a todos os posicionamentos e declarações vindos daqueles – do mundo árabe e do Líbano – que hoje estão preocupados em encontrar o melhor caminho para oferecer seus serviços aos norte-americanos ou em satisfazer seus estreitos interesses de grupo, e que priorizam questões que não têm absolutamente nada a ver com uma posição nacionalista árabe ou libanesa patriótica.
Hoje nós precisamos que todos assumam uma posição ou um lado nesta batalha. Precisamos de apoio para a decisão de resistir, para o reforço da unidade nacional, e para a provisão de todas as necessidades e pré-requisitos para esta unidade, de modo que a infernal estratégia sionista-estadunidense possa ser derrotada.
Traduzido pelo CeCAC do original em inglês, disponível em http://www.lcparty.org/220706_8.html

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