segunda-feira, maio 10, 2010

Algumas reações ao texto crítico quanto a participação da NATO na Parada da Vitória:

O usuário de nome Kleber fez algumas indagações cabíveis neste blog(pois muitos provavelmente irão querer fazer os mesmos comentários ao meu artigo). Transcevo aqui a discussão travada acerca do assunto, que, embora tenha se dado informalmente, traz algumas referências bibliográficas e uma série de fatos:

Kleber: "Que a União Soviética foi aliada do monstro nazista entre 1939 e 1941, associando-se à Alemanha na invasão da Polônia, e aproveitando o clima para anexar Letônia, Lituânia e Estônia, além de partes da Romênia."

C. A.: Lamento informá-lo, meu caro, que alguém lhe passou a informação errada, e tendo você obtido a informação errada, é importante que você venha a saber o que realmente ocorreu.

A URSS era "tão aliada" da Alemanha nazista quanto a Inglaterra, França e EUA. Primeiro por que essa aliança jamais existiu, e quem afirmar isso é um mentiroso, difamador e pilantra de primeira categoria! O que existiu foi um Pacto de Não-Agressão, que qualquer pessoa com noções mínimas de Direito Internacional, que é, inclusive, matéria do CACD, sabe diferenciar de um acordo de Aliança. Outro fato importante é que esse Pacto se deu por razões extraordinárias. Antes dele a URSS tinha um Pacto com França e Tchecoeslováquia, porém, quando a Alemanha invadiu este último, a sua burguesia nacional, então no poder, preferiu trair os interesses nacionais a aceitar a ajuda da URSS, a França, ao contrário desta, se negou a ajudar seu aliado, traindo o pacto. Ressalte-se que a Tchecoeslováquia foi entregue de bandeja por Chamberlain e sua camarilha aos nazistas. Portanto nenhuma criatura no hemisfério ocidental do planeta goza de qualquer moral para criticar o acordo de NÃO-AGRESSÃO entre URSS e Alemanha nazista, dados os fatos.

Kleber: "Em junho de 1941 o antigo aliado, que Stalin tentava agradar de todas as maneiras, fez o que qualquer pessoa que tivesse lido Mein Kampf teria previsto: atacou a URSS."

C. A.: Existe uma diferença entre diplomacia e ideal político. A URSS tinha um acordo diplomático com os alemães e tentava cumprí-lo para não dar a outros países motivos para, junto aos alemães, invadir a URSS, o que quase aconteceu. Lembremos que a URSS não foi invadida só por alemães, mas também por romenos, húngaros, italianos, belgas, franceses, espanhóis, enfim, quase toda a Europa.

Kleber: "Ah, e não esqueça de Katyn, quando prisioneiros de guerra poloneses - oficiais, intelectuais, arttistas e altos funcionários escolhidos a dedo, por Stalin, foram assassinados pelo glorioso Exército Vermelho."

C. A.: Antes de lembrar de Katyn, lembro-me antes dos 20 milhões de soviéticos assassinados pelos bárbaros fascistas. Nem todos eles eram militares, eram na maior parte dos casos cidadãos trabalhadores, idosos, crianças, mulheres, homens... Esses 20 milhões são números concretos, e não divagações de governos totalitários e imperialistas muito mal travestidos de democráticos, governos estes que neste exato momento participam do massacre de milhões de iraquianos.

Segundo por que até hoje não existe certeza de que estes poucos milhares de poloneses assassinados, que eram, a propósito, militares, tenham sido assassinados pelos soviéticos. Existem sim, boatos e especulações em grande parte inspirados em documentos da Alemanha nazista. Terceiro, essa mentira lhe foi tão mal contada, que envolve até o Exército Vermelho, quando qualquer anticomunista de segunda sabe que quem fazia isso era o NKVD. Quarto, estes "oficiais assassinados", cujo número é inclusive exagerado, eram em muitos casos partidários do regime totalitário de Pilsudski, formados com esta ideologia, será mesmo que esses humanistas de araque tão preocupados com o destino desses oficiais também se lembram dos milhares de trabalhadores e revolucionários mortos pela tirania de Pilsudski quando da Revolução Proletária Polonesa?

Kleber: "A Segunda Guerra Mundial foi ganha pelos aliados, em conjunto"

C. A.: Claro, assim como nós(isto é, eu e você) estamos nesse exato momento ajudando a pacificar o Haiti, por mais que o soldado brasileiro é que esteja se expondo aos projéteis. Foi ganha pelos aliados, só que a Batalha de Stalingrado, meu caro, não ocorreu em Nova York, aliás, os americanos, profissionais em crimes de genocídio contra povos semi-armados, não sabem o que é guerra.

A única vez na história em que os EUA, enquanto Estado constituído, enfrentou uma potência à sua altura, após uma tentativa de invasão e anexação do Canadá, se deram muito mal, tiveram até Washington queimada. Depois disso os EUA nunca mais enfrentaram um exército de verdade, conformando-se com crimes contra povos mexicanos, indígenas, filipinos...

Se você gosta tanto de documentários sobre guerra feitos nos EUA, que tal você ler as declarações dos comandantes das Forças Armadas dos EUA sobre a guerra na Rússia? Que tal assistir o documentário "The battle of Russia"? Ou ler, ainda, os relatórios do embaixador Joseph Davies sobre a URSS? Ele que, a propósito, era um liberal. Não é preciso nem ler a versão soviética da guerra, só em se limitar a isso, garanto que já estará bem informado e apto a discorrer sobre o assunto.

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