quinta-feira, novembro 24, 2011

HISTÓRIA

Nota da edição
Por Cristiano Alves

O texto a seguir segue regras ortográficas do português brasileiro dos anos 60, retratando de forma fiel a forma como as repúblicas do Báltico(Estônia, Lituânia e Letônia) ingressaram na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Enfatize-se, que embora isso seja ocultado pelos chovinistas destes países (em muitos casos promotores do ideal nazi-fascista, vilipendidores de monumentos da IIGM e apologistas da Divisão da Waffen SS formada de "voluntários" bálticos), as repúblicas citadas eram muito antes da ascenção de Hitler na Alemanha regimes abertamente fascistas que inclusive, também antes de Hitler, promoviam a pseudociência conhecida como Eugenia, que advogava a existência de raças superiores.


PROCLAMAÇÃO DO PODER SOVIÉTICO NOS PAÍSES BÁLTICOS, LITUÂNIA, LETÔNIA E ESTÔNIA PASSAM A FORMAR PARTE DA URSS

Cartaz báltico de comemoração do 1º de maio
Os vinte anos que procederam o de 1940 foram anos de duras provas para os trabalhadores letões, lituanos e estonianos. Em 1919 o Poder soviético foi derrubado nos países bálticos e subiram ao poder governos nacinalistas burgueses. A queda do Poder soviético nestes países, seu rompimento com a Rússia soviética e a instauração nêles da dituadura nacionalista burguesa foram fonte de grandes sofrimentos e calamidades para os trabalhadores dos países bálticos.
Em conseqüência dos golpes de Estado levados a cabo pelos elementos reacionários, implantaram-se nos Países bálticos regimes fascistas. Em 1926 se instaurou na Lituânia a ditadura fascista aberta e sem máscara. Em maio de 1934 deu-se na Letônia um golpe de Estado fascista, que impôs no poder a camarilha de Ulmanis. Em 1934-35 implantou-se na Estônia a ditadura de Piatsa-Laidoner. O órgão central do Partido Comunista da Letônia, o jornal Tsinia (A Luta), caracterizando a situação das massas populares durante o período da ditadura fascista, dizia: "Os trabalhadores letões acham-se privados de tôda sorte de direitos políticos. As idéias sociais não podem encontrar expressão, nem mesmo sob a forma mais elementar. Tôda a imprensa legal, a literatura e arte acham-se totalmente sujeitos aos ministros de assuntos internos e de assuntos sociais. Nem mesmo nos tempos mais tenebosos da reação tsarista se conhecera uma sociedade como esta, totalmente privada de direitos políticos".
Todavia, o terror fascista não foi capaz de estrangular a vontade dos trabalhadores dos países bálticos e sua decisão de lutar pela libertação social de seus povos. A luta dos operários e camponeses, dirigida pelos partidos comunistas da Letônia, Lituânia e Estônia, ascendia constantemente. Só num ano, no de 1939, produziram-se na Letônia 316 greves; o movimento grevista estendia-se também constantemente a Lituânia e Estônia. Crecia incontidamente o descontentamento dos trabalhadores do campo. Os trabalhadores lutavam ativamente contra o regime fascista, contra a exploração e a miséria.
A política externa das camarilhas fascista da Letônia, Lituânia e Estônia conduziu à perda total da independência nacional dêstes países, transformados em colônias das potências imperialistas ocidentais. Os imperialistas estendiam a mão para os Países bálticos ocidentais e forjavam planos para ocupá-los e transformá-los em praças de armas com vistas à agressão contra a URSS.
Mas, ao assinar êstes pactos, os governantes dos referidos países abrigavam o designio de não cumprir as obrigações que dêles derivavam. Contra os interêsses nacionais de seus países, continuaram praticando a política de transformá-los em base de agressão contra a URSS. O jornal Piaevalekt, órgão dos círculos dirigentes da burguesia estoniana, escrevia cinicamente: "A Estônia não aceitará a ajuda russa, nem mesmo no caso de ser atacada pelo outro lado pelos alemães". Violando flagrantemente os pactos de ajuda mútua firmados com a URSS, os governos fascistas da Letônia, Lituânia e Estônia passaram a formar parte de um bloco militar anti-soviético. Ao mesmo tempo, as camarilhas fascistas organizaram uma série de agressões provocadoras contra as fôrças militares soviéticas, destacadas nos países bálticos em cumprimento dos pactos de ajuda mútua. Foram detidos e presos centenas de patriotas que haviam saudado a assinatura dos pactos com a URSS.
Durante a primavera e o verão de 1940, os governos dos Países bálticos celebraram convênios com os hitleristas, no sentido de abrir as fronteiras da Lituânia, Letônia e a Estônia às tropas alemãs. O govêrno lituano de Smtona dirigiu-se, no verão de 1940, à Alemanha hitlerista convidando-a a enviar suas tropas, sem perda de tempo, a ocupar os Países bálticos.
Tôdas estas provocações anti-soviéticas não podiam passar desapercebidas por parte da União Soviética. Em 14 de junho de 1940 o Govêrno da URSS fêz saber ao da Lituânia que não estava disposto a continuar tolerando os desmandos dos fascistas lituanos. A URSS exigia que os culpados das provocações anti-soviéticas fossem entregues aos tribunais e a imediata constituição de um Govêrno que fôsse capaz e estivesse disposto a cumprir honradamente as obrigações advindas do pacto de ajuda mútua com a URSS e que assegurasse a livre passagem das tropas soviéticas pelo território da Lituânia, ccom o fim de garantir as cláusulas do tratado e de prevenir novos atos de provocação anti-soviéticos. Em 16 de junho enviaram-se notas em têrmos análogos aos governos da Letônia e Estônia. Os três governos viram-se obrigados a responder aceitando as condições apontadas pela URSS.
A aceitação destas condições foi conseguidas sob a pressão das massas trabalhadoras da Letônia, Lituânia e Estônia. Sob a direção dos comunistas, estas massas desenvolveram, em junho de 1940, uma luta ativa contra os regimes fascistas. Os capitalistas procuravam resolver a crise por meio da substituição de uns grupos fascistas por outro, pugnando a tôda custa por conservar em suas mãos o poder. Mas os comunistas fizeram fracassar esta manobra, conduzindo as massas populares à luta pela derrubada do regime de exploração em seus países.
A entrada das tropas soviéticas na Letônia, Lituânia e Estônia foi ajudada com grande entusiasmo pelos trabalhadores. Em 15 e 16 de julho celebraram-se poderosas manifestações dos trabalhadores lituanos. Os operários e os camponeses da Lituânia, guiados pelos comunistas, lançaram-se à rua, exigindo a liquidação do regime fascista, e os soldados do exército lituano fizeram causa comum com êles. Apesar da proclamação do estado de sítio pelo govêrno de Ulmanis, em 20 de julho a luta dos trabalhadores da Lituânia alcançava enormes proporções. Em 21 de junho começou a ação revolucionária de massas dos trabalhadores da Estônia. Em Tallin, os manifestantes puseram em liberdade os presos políticos, ocuparam a residência do govêrno e implantaram a ordem revolucionária na cidade.
As ações revolucionárias dos trabalhadores da Letônia, Lituânia, Estônia, chefiadas pelos comunistas foram coroadas em junho de 1940 pela vitória. Graças à luta dos trablhadores foram expulsos do poder os governos fascistas. Os operários e os camponeses trabalhadores, dirigidos pelos comunistas, tomaram o poder em suas mãos. Em 17 de junho formou-se o Govêrno popular da Lituânia, chefiado por Y. Paletskis. Em 20 de junho constituiu-se o Govêrno popular da Letônia presidido por A. Kirkenstein. Em 21 de junho criou-se o Govêrno popular da Estônia sob a presidência de I. Vares. Os partidos comunistas da Letôni, Lituânia e Estônia, que acabavam de sair da clandestinidade, chefiaram os governos democrático-populares dêstes três países e orientaram rápidamente suas atividades pelo caminho das transformações revolucionárias.
Nos dias 14 e 15 de julho, numa situação de liberdade democrática, celebraram-se as eleições aos Seims populares da Lituânia e Letônia e à Duma de Estado da Estônia. Nas eleições triunfaram oscandidatos das "alianças do povo trabalhador", chefiados pelos comunistas.
Seis dias depois, em 21 de julho de 1940, inauguravam suas sessões em Riga, tallin e Vilnius as sessões do órgãos supremos das três repúblicas bálticas. Êsse dia mudou radicalmente o destino histórico dos povos letão, lituano e estoniano. Na citada data, o Seim popular da Letônia, o Seim popular da Lituânia e a Duma de Estado da Estônia, integrados por representantes das massas trabalhadoras dos respectivos povos, procalamavam o Poder soviético nos países do Báltico. Expressando a vontade dos trabalhadores , os representantes populares tomaram a decisão de incorporar as Repúblicas Socialistas Soviéticas da Letônia, Lituânia e Estônia à União de Repúblicas Socialistas Soviéticas, à URSS.
Terminava, assim, com uma grande vitória, os longos anos de luta abnegada dos trablhadores letões, lituanos e estonianos por sua libertação. Sob a direção dos partidos comunistas da Letônia, Lituânia e Estônia, os operários e trabalhadores do campo dos Países bálticos expulsaram do govêrno as camarilhas fascistas e instauraram o Poder soviético. Depois de longos anos de luta, abria-se diante dos trabalhadores dos países do Báltico a possibilidade de um renascimento e da construção do socialismo.
As ações revolucionárias dos trabalhadores da Letônia, Lituânia e Estônia contaram com a ajuda fraternal e desinteressada dos trablhadores da URSS, que salvou os povos do Báltico da intervenção imperialista e os salvaguardou contra a escravização fascista. Os trablhadores dos Países bálticos alcançaram sua vitória pela via pacífica. E isto foi possível graças ao fato de ter a ajuda do povo soviético à classe operária e aos camponeses trabalhadores da Letônia, Lituânia e Estônia paralizando as fôrças da reação e não lhes permitiu desenvolver a luta armada contra as fôrças do progresso e do socialismo.
Em princípios de agôsto de 1940, a terceira sessão do Soviete Supremo da URSS, à vista das declarações das comissões designadas com plenos poderes pelo Seim popular da RSS da Letônia, o Seim popular da RSS e a Duma de Estado da RSS da Estônia, votou a histórica lei de incorporação destas três Repúblicas à federação de Estados da URSS. Abria-se uma nova época na história dos trabalhadores dos Países bálticos, a época de seu desenvolvimento e sua vida dentro da família fraternal dos povos soviéticos.


Fonte: ACADEMIA DE CIÊNCIAS DA U.R.S.S. Época do socialismo (1917-1957). Tradução de João Alves dos Santos. Pgs. 580-583 Editorial Grijalbo, LTDA. São Paulo - 1960

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