sexta-feira, novembro 30, 2012

BRASIL: Ajude a livrar a Chapada do Apodi dos agrotóxicos


Por Cristiano Alves

Atualmente no Rio Grande do Norte existe um projeto para desapropriar as terras de centenas de famílias do interior do estado, por volta da cidade de Apodi, onde, além dos projetos de agricultura familiar está situado o sítio arqueológico Lajedo da Soledade, já visitada pelo autor deste artigo. Está em curso um projeto que visa ampliar as áreas agrícolas com o uso de agrotóxicos em detrimento da qualidade de vida da população e de sua agricultura local, livre destes produtos. Conhecido "Projeto da Morte", este poderá causar enormes prejuízos aos campesinos da região.

O site para assinar a petição online é:

domingo, novembro 25, 2012

MUNDO: Oposição síria usa armas contra o próprio povo e culpa o governo

A ativista síria Mimi Al Laham, popularmente conhecia como "a garota síria"(Syrian girl), denuncia o uso de armas químicas pela oposição contra a própria população do país para depois culpar o governo de Asad, numa ação conhecida como false flag(bandeira falsa):


POLÍTICA: PSTU manifesta solidariedade aos mercenários da CIA na Síria


Por Cristiano Alves


Há muito tempo, o saudoso marxista-leninista Ludo Martens, do Partido do Trabalho da Bélgica, alertava para os perigos das ideias trotskistas em sua famosa obra "O trotskismo a serviço da CIA contra os países socialistas". Como se não fosse o suficiente para os trotskistas combater os países do Leste Europeu, agora o novo alvo das organizações trotskistas é o governo de Bashar Al Asad.

No Brasil os mercenários da CIA tem o apoio do PSTU e do PSOL

Embora Asad não seja um governante exemplar ou um referencial "socialista", seu governo mantém uma posição anti-imperialista no Oriente Médio, razão pela qual é vítima de uma guerra civil patrocinada pelos mercenários da Agência Central de Inteligência(CIA), conforme já noticiado nos jornais The Guardian e The New York Times. De fato, é uma verdade inexorável que a casa branca está por trás da guerra civil na Síria, com o intuito de instalar lá um regime fantoche que lhe garanta mais facilidades na extração do petróleo da região e lhe permita cercar ainda mais o Irã com bases militares. Apesar disso tudo, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados(PSTU), que nada tem de socialista, mas de imperialista, e que não é de trabalhadores, mas de pequeno-burgueses, manifestou seu apoio incondicional à causa do Exército Sírio Livre(FSA). Como pode uma organização dita "socialista" apoiar um grupo mercenário patrocinado e organizado pela CIA? Ora, o próprio Trotsky declarava que em caso de uma guerra entre a "Inglaterra democrática" e o "Brasil fascista" de Vargas, este ficaria ao lado do segundo, pois a Inglaterra apenas colocaria um outro fascista no Rio de Janeiro(então a capital do Brasil). Esse apoio chegou ao ponto de trazer uma representante da do FSA para uma palestra em São Paulo e mesmo promover uma marcha em apoio aos terroristas sírios na Avenida Paulista. Esse ponto de vista é compartilhado pelo PSOL em seu site, expresso no artigo "Síria: militarização, intervenção militar e ausência de estratégia".

Ana Luísa, candidata à prefeitura de São Paulo, defende os interesses da Casa Branca em frente ao consulado sírio, contra a "ditadura de Asad"

As posições do PSTU, conhecido por sua doutrina "morenista", são posições reacionárias melhor definidas como "neotrotskistas". Não se trata de um "erro esporádico do partido", pois este também apoiara os mercenários da CIA e da OTAN contra o governo de Muamar Kadaffi. Outro partido que defende os planos de Washington na região é o "Partido do Socialismo e Liberdade"(PSOL). Essa ideologia é estranha ao movimento dos trabalhadores, sendo um apoio consciente ao imperialismo, que é reacionário e terrorista. Aqueles que defendem a sua ideologia nefasta ou simplesmente com ela simpatizam, são cúmplices morais de todos os seus crimes!

MUNDO: Rebeldes sírios destroem mesquita e culpam Assad


Por Cristiano Alves

Rebeldes sírios destroem mesquita na Síria e culpam o governo de Bashal Al Asad. O grupo responsável representa uma seita minoritária do islã na região. Segundo o entendimento de alguns, o ato equivaleria a um grupo de cristãos destruírem a Igreja da Sagrada Ressurreição, em Jerusalém, ou a Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Segundo a Al Jazeera e a CNN, todavia, a destruição foi resultado de um "bombardeio de um MiG-29 da Força Aérea Síria", versão posteriormente defendida pelos rebeldes com o intuito de desacreditar o governo sírio. Na Síria as o Exército Sírio Livre, organização apoiada pelos Estados Unidos e treinada pela Agência Central de Inteligência(CIA), as forças rebeldes usam constantemente a tática da "bandeira falsa", atacando civis e construções para depois culpar o governo sírio. 


O vídeo abaixo mostra o modus operandi dos mercenários sírios da CIA, onde estes chegam a comemorar a destruição da mesquita, depois acusando a Força Aérea Síria pelo ato:

quarta-feira, novembro 21, 2012

SOCIEDADE: Politicamente incorreto sexista em publicidade e propaganda


Exaltada no mundo socialista e ridicularizada no mundo capitalista, a mulher foi durante muito tempo uma das grandes vítimas do capitalismo, seja no plano físico ou ideológico. Este artigo provoca indignação em qualquer pessoa honesta e progressista, ao passo que é um verdadeiro colírio, uma massagem no ego dos amantes do "politicamente incorreto" capitalista. Ela demonstra o perigo das nefastas ideias conservadoras e do "liberalismo econômico".

Por Cristiano Alves

No mundo capitalista predominam os mais nefastos valores, racismo, sexismo, exploração do homem pelo homem e desprezo por ideias de libertação social. Sendo este mesmo mundo moldado por marqueteiros e publicitários, que ditam à população o que esta deve consumir, existe uma tendência em provocar, através da publicidade, os instintos mais primitivos que há na alma humana, e, para tal, utiliza-se uma série de recursos que fortalecem a ideologia capitalista e empurra-o às massas goela abaixo. 



A primeira tentativa de se construir uma alternativa a isso se deu com a Revolução Bolchevique de 1917, que tentou criou uma nova sociedade, onde a mulher era retratada da seguinte maneira:

O que a Revolução de Outubro deu às obreiras e campesinas(Atrás, bibliotecas, teatros, creches...), onde a mulher aparece altiva, criadora, com um martelo de operária na mão
"Glória ao povo soviético construtor do comunismo" (Observe o papel de destaque na mulher, junto a seus camaradas de diversas nacionalidades)

Sestrá(Irmã), quadro de M. Samsonov


Vale lembrar que no cinema soviético, que antes dos anos 60 era mais famoso e influente que Holywood, ao contrário de filmes que expunham a mulher como burra, interesseira e preocupada apenas com a beleza, encontrando em nomes como Marylin Monroe a perfeita atriz para o papel, o cinema soviético encontrou na também loira Lyubov Orlova o modelo para a nova mulher soviética - inteligente, criadora e sempre motivada para construir uma nova sociedade. O que muitas mulheres daquele mundo não sabiam, e o que muitas não sabem, é que nem sempre na sociedade capitalista a mulher teve participação, tendo muitas avós e bisavós suas convivido com uma história nefasta de terror físico e psicológico, de violência, em tempos sombrios em que as trabalhadoras de todo o mundo, especialmente dos Estados Unidos, eram abertamente comparadas a objetos descartáveis, a escravas subservientes e submissas, que deveriam obedecer se possível de quatro à vontade de seus senhores e mestres masculinos sob os princípios "sacrossantos" da moral burguesa:


- "É bom ter uma garota pela casa" (Clique para ampliar)




Ao contrário do que possa parecer, essa não é uma propaganda de tapetes, mas sim de calças "Mr. Leggs". Aqui o herói dos conservadores, anarco-libertários e toda sorte de amantes do "politicamente incorreto", em realidades fascistas enrustidos, pisoteia a cabeça de uma garota, a fim de mostrar aos "super-machões" como eles poderão fazer o que bem quiserem com uma garota ao usar as calças Mr. Leggs.


- "Sopre na cara dela e ela te seguirá para qualquer lugar"




Como se o tabagismo já não fosse em si um ato sujo, anti-higiênico e prejudicial à saúde, a publicidade dos cigarros Tipalet ainda incitam o homem(que no cartaz lembra ligeiramente William Boner) a soprá-lo na cara da mulher. Nota-se uma relação de passividade da garota, numa clara mensagem de que a mulher deve seguir os homens que consumem tal marca de cigarro.

Esta publicidade é uma prova material daquilo alegado no documentário "Zeitgeist: Seguindo adiante", onde um dos professores entrevistados menciona a falta de ética predominante no capitalismo, onde o "mérito" do executivo de uma indústria perigosamente nociva como a do cigarro, por exemplo, está tão somente no lucro. Não importa se milhões de pessoas terão problemas de saúde, o que importa é maximizar os lucros, o que tornará este executivo alguém de alta respeitabilidade social.


- "O chefe faz tudo, mas esposas existem para cozinhar!"




Esse cartaz de publicidade britânica demonstra abertamente e sem máscara o sexismo do mundo capitalista, onde a mulher é mais uma vez demonstrada numa posição subserviente. As letras pequenas dizem "Estou dando a minha esposa um Kenwood Chef"(a batedeira da foto), não por que este "admira a esposa", por que é "a mãe de seus filhos", seu "primeiro amor" ou algo parecido, mas por que "esposas existem para cozinhar".


- "Mostre a ela que o mundo é dos homens"





As "Camisas Van Heusen", para quem memória curta, são responsáveis por um outro anúncio igualmente nefasto e hediondo, mas com uma mensagem racista, denunciados no artigo "Politicamente incorreto racista em publicidade e propaganda". Daí, há uma reflexão a fazer sobre o papel dessa empresa. Considerando que na Alemanha, a Facção do Exército Vermelho, grupo revolucionário liderado por Anders Baader, Guldrun e Ulrike Meinhoff, incendiaram uma loja da burguesia alemã ocidental nos anos 60 e mesmo colocaram uma bomba num jornal de extrema-direita que difamava as lutas de classes no terceiro mundo, será que seria "crime" repetir o mesmo numa loja responsável pela disseminação de uma ideologia misógina e terrorista?

Depois de anúncios como este, ainda há quem pergunte o porquê de "feministas serem mau-humoradas".


- "Mantenha-a no lugar onde ela pertence"



Embora a imagem dispense comentários, há que ressaltar o apelo à luxúria feito anúncio, numa tentativa de despertar no consumidor seus instintos mais primitivos.


- "Se seu marido descobrir que você não está provando o café mais fresco..."


Anúncio comercial repassa uma ideologia misógina e terrorista, vivenciado por milhões de mulheres no mundo inteiro na sociedade capitalista "branca, cristã e de bem". Esse é o exemplo do "homem de bem" WASP(isto é, branco, anglo-saxão e protestante), exaltado pelo Ku Klux Klan e pelos valores consumistas dos Estados Unidos da América.

Esse cartaz é um retrato do regresso que a sociedade enfrentaria caso predominasse na economia e na sociedade os valores conservadores, as ideias de "liberalismo econômico" e o Estado fosse diminuto. Esse cartaz explica muito bem por que o olaviado, Instituto von Mises, católicos fervorosos e protestantes fanáticos tanto detestam o atual modelo de Estado; esse cartaz é um colírio para seus olhos.


- "Não se preocupe querida, você não queimou a cerveja"


Mais um cartaz que reforça o estereótipo de que a mulher é uma idiota subserviente útil apenas ao trabalho doméstico, ao passo que o homem é retratado de forma positiva. Esse mesmo papel da mulher como mera "dona de casa" era reforçado ainda na TV, em seriados como "Bewitched"(em português, A Feiticeira), de grande sucesso, embora a personagem aparecesse positivamente.


- "É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra"


Esse anúncio gerou enorme polêmica na comunidade negra, especialmente por mencionar termos como "corpo" e "verdadeira negra". Embora anúncios de cerveja sejam tradicionalmente sexistas, este fez questão de destacar o aspecto racial. As negras, entretanto, não são as únicas a serem "coisificadas" em anúncios de cerveja, pois como se vê logo abaixo, o termo "Vira Diversão" refere-se claramente à mulher loira, que ao homem acompanhado de uma namorada lhe parece mais atrativa, repassando o estereótipo de "concubina" com os seus "dotes" avantajados, aqui representada por Ellen Roche:



- "É sempre ilegal matar uma mulher?"


Embora a resposta a essa pergunta seja afirmativa, do ponto de vista jurídico(em legítima defesa, por exemplo), o anúncio tem um teor claramente sexista e misógino, onde um chefe masculino menciona, na carta, o quão idiota e apedeuta é sua secretária ruiva, que "não tem aptidões técnicas para uma máquina de imprimir selos como se a máquina fosse um avião cargueiro". É necessário reparar na expressão de fúria de seu chefe, enquanto o rapazinho usa a máquina com a devida aptidão e se ri da "ruiva burra".


- "Por que a inocência é mais sexy do que você imagina"


É comum que pessoas de direita adorem, antes de proferir seu discurso de ódio, evocarem o funk, o forró comercial, o sexo descompromissado em público, para mostrar "como os comunistas, a Escola de Frankfurt, o Marxismo Cultural, o Marxismo-Leninismo, o Fabianismo, o Gramcianismo..." tornaram o mundo um lugar pior, apresentando-nos um discurso moralista, como se fossem "paladinos da moral e dos bons costumes". O certo é que, como esse anúncio de publicidade comprova, o uso de temas como pedofilia e apelas à sexualidade sempre foram uma constante no mundo capitalista. Foi exatamente esse apelo à sexualidade que fez com que em tempos de plena ditadura fascista militar fosse produzido um filme com cenas de pedofilia, "Amor estranho".


- Conclusão

A moral burguesa é uma farsa que esconde debaixo do tapete os mais torpes e nefastos valores da sociedade capitalista, valores esses que abrangem uma ideologia terrorista, racista, sexista e de exaltação da exploração do homem pelo homem em nome do "sacrossanto" direito de propriedade, sendo algo que precisa e deve ser destruído e substituído através da ação da classe operária em torno do Partido Comunista. Publicidade como esta mostrada neste artigo foi, durante séculos, o combustível para a construção de uma sociedade intolerante, repressora, preconceituosa e falsamente moralista. É a ideologia de um sistema reacionário e terrorista. Aqueles que defendem a sua ideologia nefasta ou simplesmente com ela simpatizam são cúmplices morais de todos os seus crimes!

BRASIL: Ditadura fascista militar pode ter matado mais de 2 milhões


Por V. Tavares

A hipocrisia e o cinismo da direita não encontra limites. Repetem todos os dias do ano que "o comunismo matou milhões", alegando números que vão de dez a trezentos milhões, todavia quando se trata de discutir as atrocidades cometidas no período da ditadura fascista militar que aterrorizou o Brasil de 1964 a 1985, então direitista mostra que é esperto, falando em "apenas" 400 vítimas, até mesmo em 300, isso baseando-se no saldo de apenas uma organização de famílias de vítimas, ignorando os desaparecidos, jogados ao mar, fuzilados em execução sumária, sem direito a nenhum julgamento, como se deu com Carlos Lamarca e Carlos Marighella, ignoram os milhares de índios assassinados e envenados durante a abertura de estradas na Amazônia, bem como ignoram os mais de 1000 camponeses mortos e desaparecidos, segundo levantamento da Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

O certo é que o número de vítimas da ditadura fascista militar pode chegar a mais de 2 milhões de pessoas, vítimas de um governo terrorista implantado sob os auspício de Washington com torturadores profissionais formados pela Escola das Américas(SoA). O número aproximado de suas vítimas é algo que talvez nunca saberemos, dada a possível destruição de todos os arquivos que incriminariam essa tirania, algo acobertado pelos fascistas militares e nos dias atuais pelo governo conivente do PT.

BRASIL: Pedofilia e ditadura militar fascista


Por V. Tavares

Existe no Brasil um grupo de falsos moralistas que se dizem "conservadores", apresentando-se como "paladinos da moral e dos bons costumes" e, assim, da ditadura militar, enquanto "expoente máximo" dessa tradição. Poucos sabem, mas a ditadura militar era conivente com a pedofilia, fosse ela em âmbito domiciliar, onde o abuso de menores pelo chefe de família não era raro, especialmente em famílias carentes, como também no âmbito televisivo. No filme "Amor estranho" a "Rainha dos Baixinhos" protagoniza uma cena de sexo com um garoto de aproximadamente 10 anos. Embora ela seja uma mera atriz no filme, portanto empregada a serviço de um diretor, o filme foi publicado com a anuência das autoridades ditatoriais da época, demonstrando que a pedofilia era uma constante numa ditadura militar imoral e fascista.

terça-feira, novembro 20, 2012

IMAGEM DA SEMANA: Coitadismo e vitimismo


Clique para ampliar

CONSCIÊNCIA NEGRA: Politicamente incorreto racista em publicidade e propaganda

Exaltado no mundo socialista e ridicularizado e vilipendiado no mundo capitalista, o negro sempre foi alvo de campanhas publicitárias preconceituosas e depreciativas de empresas privadas, algo que tem sutilmente mudado ao longo do tempo, após a intervenção do Estado, sob pressão de movimentos sociais e partidos comunistas. Essa matéria é dedicada a todos os amantes do "politicamente incorreto", àqueles que odeiam a intervenção do Estado, trazendo uma série de anúncios publicitários que a VEJA e nomes como Leandro Ponder e Narloch adorariam ter como seus patrocinadores.


Por Cristiano Alves

O mundo capitalista sempre foi dominado pelos valores do capitalismo. Numa sociedade de exploração do homem pelo homem sempre foi a esta funcional uma ideia que viesse a dividir os trabalhadores, que desviasse o foco na luta de classes, enfatizando assim a "luta de raças". Enquanto o país dos sovietes chamava todos os trabalhadores de todas etnias e nacionalidades para construir um novo mundo sem fome, sem exploração e sem racismo, expondo ao público cartazes como estes:


"A África luta, a África vencerá"
"Levante a bandeira do Internacionalismo Proletário"




Esta era a ideologia passada no capitalismo (Clique para ampliar):


- "Por que sua mamãe não te lavou com o Sabão Feérico ?"


Esse é um dos mais nefastos cartazes existentes no mundo da publicidade. Aqui é visível não apenas o racismo, que claramente implica que a cor negra é sujeira que pode ser removida com uma "limpeza", mas também instiga essa prática entre as crianças! Repare que uma delas tem um tom claramente debochante, ao passo que a outra está constrangida, a criança branca em belas roupas e a criança negra em trapos.

Essa publicidade é da companhia N. K. Fairbank Co, do século XIX, quando a escravidão ainda estava em vigor. A companhia encerrou suas operações em 1903.


- "Nós usaremos Clorinol e nos tornaremos crioulos brancos"


Muitos já ouviram falar de nomes como Michael Jackson e Beyonce, personalidades negras que embranqueceram a pele para parecerem caucasianos no país mais racista do planeta, os Estados Unidos da América. Esse cartaz, que claramente zomba dos negros, mostra 3 jovens negros num barco com a bandeira do "Clorinol". Um deles já usou e tornou-se branco, outros dois estão a apreciá-los, sorrindo, como se renegar a própria cor fosse um motivo de alegria e orgulho. Curiosamente, todos estão no meio do mar, talvez para mostrar que esses deveriam ficar longe da sociedade "civilizada".

Até hoje, nos EUA e em outros países, muitos negros que tem êxito social fazem o máximo para renegar sua cultura, sua cor e parecerem-se fisicamente com brancos, gastando com produtos e tratamento de "branqueamento da pele", uma indústria lucrativa no mercado de cosméticos, bem como tingindo a cor do cabelo.


- Uísque de Schenley Bourbon


Era comum à cultura americana apresentar sempre o negro sob uma perspectiva subserviente ao homem branco, esse cartaz reforça bem o estereótipo. Repare na forma como o branco é retratado e como o negro aparece.


- Chrysler Plymouth


Mais um exemplo do negro subserviente ao homem branco. Aqui ele aparece apenas para reafirmar a supremacia do homem branco, o único com dinheiro para adquirir um Plymouth e dirigí-lo.


- Camisas Van Heusen


O pôster diz "4 em cada 5 homens querem Oxford... nesses novos estilos Van Heusen. Observemos quem qual é a cor do quinto homem que não quer tal camisa. O informe claramente reforça o estereótipo do "negro selvagem", que não partilha os valores da civilização. Reparemos que enquanto o homem branco aparece sorridente e contente, com um ar elegante, o negro aparece com um tom colérico. Vale lembrar a ideologia passada neste cartaz com a de um famoso cientista responsável pela moderna classificação taxonômica, Carlos Linneus, em seu Sistemae Naturalis, em 1767, antes mesmo da definição de "raça":

"Homo sapiens europaeus, branco, sério e forte; Homo sapiens asiaticus, amarelo, melancólico e avaro; Homo sapiens afer, negro impassível e preguiçoso; Homo sapiens americanus: vermelho, mal-humorado, violento"
Interessante destacar que na cultura americana(e brasileira), com o advento do romantismo e de uma busca por uma identidade nacional baseada no índio, ao mesmo tempo que o exterminavam, países como EUA e Brasil passaram retiraram a classificação de "mal-humorado e violento" do americano nativo e transferiram-na para o negro.


- Recivilize-se



"Recivilize-se". Aqui uma publicidade da Nivea claramente passa a ideia de que um estilo de cabelo black power, africanista, símbolo da luta do negro pelos seus direitos, é algo "selvagem".


- "Antes e depois"



Aqui o racismo é apresentado de forma subliminar. Na parede estão dois tipos de pele, uma "antes", outra "depois", e abaixo estão 3 diferentes mulheres. Curiosamente, a linda modelo negra do informe aparece logo abaixo de "antes", no meio está uma outra jovem de pele ligeiramente mais clara, e abaixo de "após" está uma modelo branca de perfil europeu. Numa sociedade como a americana, a mensagem é clara, "mais limpo você, mais branco será". Tal como a publicidade do século XIX.

- Curve-se!



"Curve-se", diz uma outra versão desse mesmo reclame. Em plena era do "politicamente correto", um informe mostra-nos apenas homens negros curvando-se ante um homem branco, cena mais que desejada por milhões de racistas.

- Vogue


Qualquer homem certamente ficaria engrandecido ao aparecer numa capa de revista ao lado de Gisele Bündchen, padrão internacional de beleza e modelo mundialmente aclamada, muitos não ligariam se tivessem de fazê-lo vestido de palhaço, de terno, sunga ou talvez mesmo vestido. Ocorre que na primeira capa da Vogue ao trazer um homem de cor negra, não basta apenas mostrá-lo como o "negão mal-encarado, malvado e assustador". Essa capa gerou grande polêmica e basta comparar com as fotos abaixo para entender o motivo:

Esquerda: "Destrua o bruto louco. Aliste-se no Exército americano"

Direita: Capa do King Kong.

 - O "superbebê" ariano


No Brasil, preto não nasce, segundo as edições da Editora Abril. Suas revistas sobre bebês, num país onde mais de 50% da população é negra e mais de 70% possui genes africanos, em regra trazem apenas bebês brancos de olhos claros. Mesmo em revistas adultas como a "Playboy", apenas 7 mulheres negras foram capa da revista desde o ingresso da revista no Brasil. Mas, voltando ao tema de bebês, a edição da Superinteressante traz como "superbebê" justamente um bebê branco, reafirmando a "superioridade do homem branco", aceita pela sociedade a ponto desta ver numa revista sobre a luta do movimento negro, por exemplo, um "racismo negro", ainda que a matéria ou a revista limite-se a discutir ou defender o papel mais participativo do negro na sociedade.

Considerando ser a Editora Abril uma parceira do grupo Naspers, empresa sulafricana que apoiou o regime terrorista e racista do Apartheid, o "superbebê" ariano na capa não está lá por acaso.


- VEJA



Ao longo dos anos, é comum querer desqualificar um adversário político mostrando-lhe "quem está com o outro grupo", sendo o bode expiatório mais comum o homossexual, desde os tempos de Roma. Afinal, quem votaria em político "X" se seus eleitores são homossexuais? E no caso brasileiro, onde grande parte da sociedade é elitista e preconceituosa, quem votaria num candidato à presidência cujos principais eleitores são "um bando" de nordestinos, negros e pobres?

Aqueles que conhecem a ideologia nefasta da revista Veja, que tem por um de seus acionistas o grupo Naspers, que ajudou a implantar o regime do Apartheid na África do Sul, sabe que a jovem empregada não está na capa por acaso.


- Creme de trigo



Mais uma publicidade americana de deboche dos afrodescendentes, mostrando um homem com um cartaz impregnado de erros ortográficos, de modo a ser ridicularizado pelo público comprador do tal creme. A placa diz algo como:

"Talvez o Creme de Trigo não ter vitaminas. Num sei o que é isso. Num tem besouro no Creme de Trigo, e ela é tao baum pra comê e barato. Custa so 1 centavo pruma grande refeição."


- "E o resultado? A perda do orgulho racial"




Cartaz de propaganda da época da Alemanha fascista trazendo os dizeres: "E esse é o resultado! A perda do orgulho racial". Na Alemanha hitlerista nem mesmo se podia ter uma "amiga negra" que tantos racistas usam para dizer que não são racistas.


- Cartaz nazista antinegro e antijudeu




Embora o fascismo alemão condenasse todas as "raças inferiores"(uttermensch), sem dúvidas o campeão de ódio dos fascistas era o judeu. Aqui um cartaz de propaganda antinegro que não deixa de lado o racismo antijudaico hitlerista. Essa capa de uma brochura racista com a ideologia racista do III Reich traz "Música degenerada", mostrando um negro claramente distorcido tocando jazz, em estilo americano, mas é necessário fazer mais do que isso, é preciso associar o negro ao judeu, conforme evidenciado pela estrela de Davi. A brochura traz, dentre outras coisas, a ideia de que "os judeus trouxeram os negros para a Alemanha para poluir a raça ariana".

Assim como nos EUA o casamento interracial era proibido legalmente até os anos 70, na Alemanha fascista foram aprovadas leis que proibiam tais uniões nos anos 30, as chamadas "Leis de Nurembergue", que mais tarde vieram a penalizar o intercurso sexual interracial com a pena de morte.


- Conclusão

No dia da consciência negra e em todos os demais dias do ano a sociedade deve policiar o racismo, seja ele aberto ou mascarado, subliminar, manifestado através de ideologias conservadoras, da publicidade comercial ou simplesmente em tiras de redes sociais onde o negro é sempre apresentado negativamente, com uma imagem associada ao crime, ao alcoolismo ou à ignorância, seja como o malandro, o vilão ou simplesmente a "mãezona gorda" que cuida de tudo e de todos. É importante que o cidadão honesto e principalmente o comunista saiba identificar o racismo e denunciar tal ideologia nefasta, bem como apresentar à sociedade o fato de que capitalismo e racismo são duas faces da mesma moeda, cerrando fileiras em torno do Partido Comunista para construir uma nova sociedade!

CONSCIÊNCIA NEGRA: Dos vadios e das capoeiras


Você sabia, que casar-se com uma pessoa negra já foi motivo para exoneração de cargo público? Que a capoeira já foi proibida por lei no Brasil? Doutor gaúcho expõe a forma vergonhosa como foi perseguida a cultura afrobrasileira no Brasil



Dos vadios e dos capoeiras


JOÃO BECCON DE ALMEIDA NETO*

"Nego jogando pernada/ Mesmo jogando rasteira/ Todo mundo condenava/ Uma simples brincadeira/ E o negro deixou de tudo/ Acreditou na besteira/ Hoje só tem gente branca/ Na escola de capoeira" (Geraldo Filme, trecho da música Vá Cuidar da Sua Vida)

Manoel dos Reis Machado, consiste em uma das figuras mais importantes de nossa cultura. Mestre Bimba como era conhecido, foi o fundador da capoeira regional em nosso país. Ele também foi um dos responsáveis por tirar a capoeira da marginalidade. Hodiernamente a capoeira é popular, patrimônio cultural brasileiro, presente em inúmeras academias de ginásticas devido a sua musicalidade e a potencialidade de seus exercícios para queimar calorias. No entanto, inolvidável que até pouco tempo, essa modalidade de luta (ou modo de vida, como afirmava Bimba) era considerado crime a sua atividade, prevista de forma clara no anterior Código Penal brasileiro (Decreto nº 847 - de 11 de outubro de 1890) Imputava o art. 402 fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela denominação capoeiragem, crime cuja pena variava de dois a seis meses de prisão (Capítulo XIII - Dos vadios e dos Capoeiras). A pena era maior para aqueles que fossem os considerados chefes ou cabeças do grupo, os conhecidos Mestres.

Mas essa criminalização da capoeira não ilustra outra coisa senão a própria marginalização do negro, que, mesmo liberto das correntes da escravidão, não encontrou espaço da sociedade e trabalho. Inclusive, como bem demonstra Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, a própria conotação pejorativa que o negro sofria, sendo motivo, inclusive, de perda ou exoneração de cargos públicos em razão de casamento com um negro, o que não ocorria, diga-se de passagem, pelo menos de forma tão veemente, com outras etnias, como a indígena, por exemplo.

Atualmente ainda observamos resquícios dessa forma de poder e política, talvez por isso, as ações afirmativas, como as cotas raciais, seguem como a pauta do dia. Mas com relação à capoeira, cabe ressaltar que sua descriminalização somente ocorrera no governo de Getúlio Vargas, em 1934, quando o então presidente procurava na capoeira uma verdadeira manifestação da cultura popular brasileira. Mas isso só foi possível a partir do empenho do Mestre Bimba que havia criado a capoeira regional (a partir da mistura entre a capoeira angola e o batuque), que até a legalidade era chamada simplesmente de luta regional brasileira, e assim popularizou a nova modalidade, incluindo entre seus praticantes, estudantes da tradicional Faculdade de Medicina da Bahia, próximo ao Pelourinho. Mas isso não apaga os atos arbitrários promovidos pelo Estado na repressão da capoeira. Muitos largaram a prática da capoeira devido à violenta retroação policial aos seus exequentes. Caso modelar é o do mestre Pastinha, legendário mestre de capoeira angola, que parou de praticar em 1914 devido ao feroz embate. A capoeira, independente de sua modalidade, é cultura, arte, dança, jogo e luta brasileira nascida como forma de defesa e resistência pelo negro escravo foi, também, utilizada pelo próprio Estado como força militar (como na Guerra do Paraguai). 

No dia 20 de novembro é celebrado o Dia da Consciência Negra. Data escolhida em razão de ser o mesmo dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, o último dos líderes do Quilombo de Palmares, símbolo de resistência e sobrevivência, como é a própria capoeira.

* Advogado e professor universitário, vice-presidente da Sociedade Rio-Grandense de Bioética (Sorbi)

segunda-feira, novembro 19, 2012

MUNDO: Um filho da Geórgia


Como o antigo jovem idealista de um pequeno país montanhoso do Cáucaso mudou o mundo e é lembrado até hoje pelos seus conterrâneos

Por Vladimir Tavares



"Eu sei que após a minha morte jogarão muito lixo sobre o meu túmulo, porém os ventos da história o removerão", dizia Iósif Vissarionovitch Stalin em 1943. Nascido numa pequena cidade da Geórgia, então uma mera província do Império Russo, Iósif Djugashvili logrou em arquitetar a construção do primeiro Estado de direito socialista da história da humanidade. Revolucionário caucasiano, Stalin foi em sua infância sapateiro, em sua juventude foi seminarista, poeta e empregado de um observatório, tornando-se aluno de Lenin e um dos líderes da Revolução Bolchevique de 1917. 

Busto de Stalin em Bedford, no D-Day Memorial, Estados Unidos. Dor de cabeça para os anticomunistas
Não há dúvidas de que Stalin é uma figura polêmica em todo o mundo, sendo visto positivamente na Rússia atual, tendo tido enorme respeito do povo armeno, especialmente aqueles espalhados ao redor do mundo após a diáspora que se seguiu ao Genocídio Armeno, na Turquia, Stalin tem grande respeito de populares georgianos, que o veem como um conterrâneo que elevou o nome do pequeno país e produziu transformações no mundo inteiro. Respeitado mundialmente pelo seu papel de líder da vitória antifascista, existindo bustos em sua homenagem até mesmo nos Estados Unidos da América, Stalin foi um símbolo para a luta internacional dos trabalhadores contra o sistema capitalista, um líder que colocou em prática as ideias de Lenin e aperfeiçoou o entendimento marxista acerca da questão nacional, de enorme contribuição para a luta contra o racismo. A opinião do povo georgiano acerca do revolucionário do Cáucaso é importante na compreensão de seu papel histórico.
I. V. Djugashvili(Stalin), então "Koba"
“Os estrangeiros sempre me perguntam: por que vocês não falam sobre o gulag? simplesmente respondo que não falamos sobre contos de fadas sobre Stalin.” Diz Olga Topchishvili, guia do museu de Stalin, ela insiste que “dizem que entre 15 e 40 milhões de pessoas foram mortas pelo regime de Stalin. Como eles podem perder 25 milhões de pessoas? Eu sou uma historiadora e quero fatos, não esses... contos de fadas.” Segundo Tatia Kopadze, estudante de 17 anos, “Stalin era cem vezes melhor do que o nosso atual presidente”, referindo-se a Mihail Saakashvili, herói da "Revolução Rósea" de 2003, pró-ocidente. Tamanho é o ocidentalismo de Saakashvili, que seu governo fez da Geórgia o único lugar do planeta onde há ruas com o nome de I. V. Stalin e George W. Bush, estas últimas enfrentando protestos de populares em 2005 em razão da mudança de seu batismo em homenagem ao déspota americano.

Compatriotas do líder soviético prestam-lhe homenagem
A história de Stalin foi recentemente contada em 2006 por uma novela em 40 episódios no formato "live", que mistura elementos fictícios com reais, similar a um documentário, que se passa a partir das recordações de Stalin sobre o seu passado, desde a infância até os seus últimos dias de vida. A novela, escrita por seu conterrâneo Nicka Kvizhinadze,  enfureceu periódicos anticomunistas ocidentais como o "Los Angeles Times" e impressionou ao público russo, admirado por tal conteúdo ter ido ao ar na TV. Uma das maiores contribuições do primeiro-ministro soviético, além da liderança na destruição do fascismo alemão, foi a criação da primeira constituição a criminalizar o racismo, em 1936, em tempos em que o capitalismo promovia a ideologia nefasta da eugenia e da inferioridade racial dos negros e outros povos.



A partir de 1:55, o então jovem seminarista Djugashvili, vivido pelo ator Levan Dzhibgashvili, georgiano, apresenta aos seus colegas as ideias de Jesus como revolucionárias, até a chegada do inspetor do seminário

domingo, novembro 18, 2012

REPRESSÃO: Manual de tortura da Escola das Américas(SOA) em espanhol


Tortura, ontem e hoje símbolos da repressão capitalista(ênfase no sorriso da torturadora)

A fim de possibilitar o estudo da ideologia repressora que formou milhares de torturadores na América Latina, A Página Vermelha disponibiliza, em língua espanhola, a sanguinária e facínora ideologia ensinada na Escola das Américas.

O texto que se segue compreende a uma versão em espanhol do manual, que incorpora elementos dos manuais dos anos 50 e 60, que visavam transformar militares latino-americanos em açougueiros profissionais. Segundo o Departamento de Defesa dos EUA, o manual original da CIA não existe mais. Nos anos 90, em razão de pressão popular, o Pentágono desclassificou o material. Há uma versão de 1963 denominada

KURBAK, INTERROGATÓRIO DE CONTRAINTELIGÊNCIA (Em inglês)


Manual dos anos 80, em espanhol:


MANUAL DA ESCOLA DAS AMÉRICAS


MANEJO DE FONTES

- Páginas 1-60
- Páginas 61-111

CONTRAINTELIGÊNCIA

Páginas 1-60
- Páginas 61-120
- Páginas 121-180
- Páginas 181-240
- Páginas 241-300
- Páginas 301-A16

GUERRA REVOLUCIONÁRIA E IDEOLOGIA COMUNISTA

Parte I
- Páginas 1-60
- Páginas 61-83

Parte II
- Páginas 85-128

TERRORISMO E GUERRILHA URBANA I e II

 Parte I
- Páginas 1-60
- Páginas 61-119

Parte II
- Páginas 120-175

INTERROGAÇÃO

- Páginas 1-60
- Páginas 61-112
- Páginas 113-B1

INTELIGÊNCIA DE COMBATE

- Páginas 1-60
- Páginas 61-112
- Páginas 113-172

ANÁLISE I

- Páginas 1-59
- Páginas 60-120
- Páginas 121-143
- Guia, páginas 1-36


BRASIL: Ditadura fascista brasileira ensinou os índios a torturar




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PM, concorrente do crime organizado no extermínio de trabalhadores
- Brasil, um país racista
- Racismo, uma história

BRASIL: Os movimentos sociais e os processos revolucionários na América Latina: Uma crítica aos pós-modernistas


Por Edmilson Costa 



Doutor paulista adverte: pós-modernismo é um cavalo de tróia na luta de classes

Os anos 90 do século passado e os primeiros dez anos deste século foram marcados por intenso debate entre as forças de esquerda sobre o papel dos movimentos sociais, das minorias, das lutas de gênero e das vanguardas políticas nos processos de transformação econômica, social e política da sociedade. Colocou-se na ordem do dia a discussão sobre novas palavras de ordem, novos agentes políticos e sociais, novas formas de luta, novas concepções sobre a ação prática política. 


Esses temas e concepções ocuparam o vazio político nesse período em funções de uma série de fenômenos que ocorreram na década de 80 e 90, como a queda do Muro de Berlim, o colapso da União Soviética e dos países do Leste Europeu, o refluxo do movimento sindical, a redução das lutas operárias nos principais centros capitalistas, a perda de protagonismo dos partidos revolucionários, especialmente dos comunistas, além da ofensiva da ideologia neoliberal em todas as partes do mundo, sob o comando das forças mais reacionárias do capital. 

A conjuntura de derrota das forças progressistas favoreceu todo tipo modismo teórico e fetiche ideológico. Sob diversos pretextos, certas forças políticas, inclusive alguns companheiros de esquerda, começaram a questionar a centralidade do trabalho na vida social, o papel dos partidos políticos como vanguarda dos processos de transformações sociais e políticas, a atualidade da luta de classes como instrumento de mudança da história e o próprio socialismo-comunismo como processo que leva à emancipação humana. 

Esse movimento teórico e político envolveu forças difusas, mas influentes junto à juventude e vários movimentos sociais. O objetivo era desconstruir o discurso dos partidos políticos revolucionários, do movimento sindical e do próprio marxismo, como síntese teórica da revolução. Para estas forças, os discursos de temas abrangentes, como a igualdade, o socialismo, a emancipação humana, os valores históricos do proletariado, as soluções coletivas contra a opressão humana, eram coisa do passado e produto de um mundo que já existia mais. 

No lugar desses velhos temas, tornava-se necessário colocar um novo discurso, como forma de forma reconhecer a fragmentação da realidade e do conhecimento, a constatação da diferença, a emergências de novos sujeitos sociais, com características, valores e reivindicações específicas, como os movimentos sociais, de gênero, raça, etnia, etc, e novas formas de formas de luta, inclusive com renúncia à tomada do poder. 

O condensamento desse ecletismo conservador, dessa matriz teórica diluidora, pode ser expresso no que se convencionou chamar de pós-modernismo. Essa é a fonte teórica inspiradora de todos os modismos teóricos e fetiches que se tornou moda as duas últimas décadas. Quais são os principais supostos teóricos dos pós-modernistas, que tanta influência tiveram nesses anos de vazio político? Vamos nos ater a três vertentes fundamentais que norteiam os fundamentos dessa corrente teórica. 

1) O fim da centralidade do trabalho. Um dos temas mais destacados pelos pós-modernistas é o fato de que as tecnologias da informação, a reestruturação produtiva e a inserção acelerada de ciência no processo produtivo tornaram obsoleto o conceito de classe operária e proletariado, até mesmo porque esses atores estão se tornando residuais num mundo globalizado onde impera a robótica, a internet e a informática avançada. Alguns desses teóricos chegaram a dar adeus ao proletariado, que seria um conceito típico da segunda revolução industrial. Prova disso, seria a constatação de que a classe operária está diminuindo em todo o mundo e, por isso mesmo, perdeu o protagonismo para outros movimentos emergentes no capitalismo globalizado. 

Os teóricos pós-modernistas se comportam como o caçador que vê apenas as árvores mas não consegue enxergar a floresta. Olham o mundo a partir de uma perspectiva da Europa ou Estados Unidos. Por isso, não conseguem compreender que o capital possui uma extraordinária mobilidade, em função da busca permanente por valorização. Por isso, são incapazes de perceber que o proletariado está crescendo de maneira expressiva em termos mundiais, com o deslocamento de milhares de indústrias dos EUA e da Europa para a Ásia, processo que está incorporando ao mundo do trabalho centenas de milhões de trabalhadores na China, na Índia e em toda a Ásia, num movimento que está mudando a conjuntura mundial. 

Não conseguem entender que o próprio capitalismo é uma contradição em processo, pois quanto mais se moderniza, quanto mais insere ciência na produção, mais amplia sua composição orgânica e, consequentemente, mais pressiona as taxas de lucro para baixo. Por isso, o capitalismo não pode existir sem seu contraponto, o proletariado. Se o capitalismo automatizasse todas suas fábricas o sistema entraria em colapso, pois os robôs são até mais disciplinados que os seres humanos, são capazes de trabalhar sem descanso, não reivindicam salário, nem fazem greve, mas também tem seu calcanhar de Aquiles: não consomem. Se não têm consumidores, os capitalistas não têm para quem vender suas mercadorias. Ou seja, antes de uma automatização total, o sistema entraria em colapso em função de suas próprias contradições. 

2) O fim da centralidade da luta de classes. Outro dos argumentos dos teóricos pós-modernos é a alegação de que a luta de classes é coisa do passado. Afinal, dizem, se o proletariado está se reduzindo aceleradamente, não existe mais identidade de classe e, portanto, não teria sentido se falar em luta de classes. Nessa perspectiva, dizem, a reestruturação produtiva pode ser considerada uma espécie de dobre de finados que veio sepultar os velhos agentes do passado, como o movimento sindical. Prova disso, é que os sindicatos perderam o protagonismo e agora agonizam em todo o mundo. E o principal representante teórico do mundo do trabalho, o marxismo, também estaria ultrapassado, em função de sua visão monolítica do mundo. 

Novamente, os teóricos pós-modernistas também não compreendem a história e confundem sua submissão ideológica à ordem capitalista com a realidade dos trabalhadores. A luta de classes sempre existiu desde que as classes se constituíram na humanidade e continuará sua trajetória enquanto existir a exploração de um ser humano por outro. Não porque os marxistas querem, mas porque a realidade a impõe. Nos tempos de refluxo as lutas sociais diminuem, parece que os trabalhadores estão passivos e os capitalistas imaginam que conseguiram disciplinar para sempre os trabalhadores. 

Nessa conjuntura, o discurso do fim da luta de classe, da passividade dos trabalhadores, chega a influenciar muita gente, afinal, quem não tem uma perspectiva histórica do mundo se atém apenas à superfície dos fenômenos, à aparência das coisas. Mas nos momentos de crise do capitalismo, esse discurso se torna inteiramente inadequado, entra em choque com a realidade, uma vez que a crise coloca a luta de classes naordem do dia com uma atualidade extraordinária, para desespero daqueles que imaginavam o seu fim. 

Se observarmos a realidade atual, onde o sistema capitalismo enfrenta sua maior crise desde a Grande Depressão, poderemos facilmente constatar e emergência da luta de classes em praticamente todas as partes do mundo. É só observar as insurreições no Oriente Médio, na África, as lutas na América Latina, as greves e mobilizações na Europa. Além disso, a crise também tornou o marxismo mais atual do que nunca. Mesmo os capitalistas estão lendo O Capital para tentar entender o que está ocorrendo no mundo. 

3) As vanguardas políticas não têm mais nenhum papel a desempenhar no mundo globalizado. O terceiro dos argumentos-chave dos teóricos pós-modernistas é o fato de os partidos revolucionários, especialmente os comunistas, não terem mais nenhum papel a desempenhar no mundo atual. A ação política agora deve ser comandada pelos movimentos sociais, pelos movimentos de gênero, minorias étnicas, de raças, sexuais, etc, que são vítimas de “opressões específicas”. Isso porque os partidos seriam organizações autoproclamatórias, autoritárias, portadoras de um fetiche autorealizável, que é a revolução socialista.Essas instituições, portadoras de um discurso utópico de emancipação humana, estão também definhando em todo o mundo porque não estariam entendendo a realidade do mundo globalizado. 

Mais uma vez os teóricos pós-modernistas não conseguem compreender a totalidade da vida social. Por isso, vêem o mundo sem unidade, fragmentado e disperso. Não entendem que, por trás da “opressãoespecífica” que atinge os movimentos sociais e de gênero, etnia, raça, sexual, está o grande capital apropriando a mais-valia de todos, independentemente de raça, sexo ou orientação religiosa . Não compreendem que os movimentos, por sua própria natureza, têm limites institucionais e de representatividade. 

Um sindicato, por mais combativo que seja, deve representar os interesses dos trabalhadores que representa. Da mesma forma que uma entidade estudantil, uma organização de moradores, de mulheres ou de homosexuais tem como objetivo defender os interesses específicos de seus representados, atuam nos limites institucionais da ordem burguesa. Somente o partido político revolucionário, que se propõe a derrotar a ordem capitalista e que junta em suas fileiras todos esses segmentos sociais, possui condições para entender a totalidade da luta política e lançar propostas globais para a transformação da sociedade. 

A prática das lutas sociais 

Se observarmos as lutas sociais que foram realizadas nos últimos anos, poderemos constatar facilmente que grande parte delas foram derrotadas exatamente porque não existiam vanguardas com capacidade de conduzir e orientar essas lutas para a radicalidade da luta de classes e a emancipação do proletariado. Não se trata aqui de negar a importância das lutas específicas ou dos movimentos sociais. Pelo contrário, são fundamentais para qualquer processo de mudança, servem também como aprendizado da luta dos trabalhadores, mas deixadas por si mesmas, apenas com seu conteúdo espontaneísta, não tem condições de realizaras transformações da sociedade e terminam se esvaziando e sendo derrotadas pelo capital. 

O teatro de operações é mais ou menos o seguinte: após um momento de euforia e mobilização os movimentos sociais são capazes de realizar proezas impressionantes, como desacreditar a velha ordem, desafiar as classes dominantes, mas num segundo momento a euforia se esgota em si mesma sem atingir os objetivos por falta de perspectivas. A América Latina é um importante posto de observação para constatarmos essa hipótese, mas também em várias partes do mundo os exemplos são férteis para verificarmos a necessidades de vanguardas políticas. 

A Bolívia, por exemplo, foi palco de várias insurreições populares contra governos neoliberais. As massas se sublevaram, foram às ruas aos milhões, derrubaram os governos conservadores, mas o máximo que conseguiram foi eleger um presidente progressista que é fustigado a todo momento pelo capital e não consegue realizar plenamente nem o próprio programa a que se propôs no período das eleições. 

No Equador, ocorreram também várias insurreições populares. Em uma delas, os movimentos conquistaram o poder e o entregaram a um militar que depois os traiu e agora é um personagem conservador na política do País. Posteriormente, no bojo de outra insurreição, conseguiram eleger um presidente progressista, mas este não consegue implementar um programa transformador porque o capital não lhe dá trégua. Recentemente quase foi deposto por um setor militar sublevado. 

Na Argentina, em função da crise econômica herdada do governo neoliberal de Menem, as massas também se sublevaram aos milhões em várias regiões do País. Em um período curto o País mudou três vezes de presidente. O resultado da sublevação popular foi a eleição de Nestor Kirchner e, posteriormente, de sua companheira, Cristina Kirchner. Nesses anos de poder, os Kirchner também não realizaram nenhuma mudança de fundo. O capitalismo seguiu seu curso como se nada tivesse acontecido. 

Mais recentemente, duas grandes insurreições populares derrubaram os governos conservadores da Tunísia, do Egito e do Iêmen. Milhares de pessoas se sublevaram durante vários dias, centenas de pessoas morreram, os ditadores deixaram o poder, mas os movimentos sociais, sem vanguarda política, não conseguiram seus objetivos. Setores da burguesia local encabeçaram a formação de novos governos e os trabalhadores mais uma vez deixaram escapar de suas mãos a revolução. 

No Brasil, um grande movimento social, o Movimento dos Sem Terra (MST) enfrentou com bravura os governos neoliberais, tendo como norte a bandeira da reforma agrária. Organizou um movimento original e de massas, com base social em todo o País, especialmente entre a população mais pobre da cidade e do campo. O MST ocupou fazendas dos latifundiários, realizou formação de grande parte dos seus quadros e até mesmo conseguiu construir uma universidade popular para formação permanente dos seus militantes. 

No entanto, o desenvolvimento do capitalismo no campo brasileiro e a emergência do agronegócio criaram uma nova conjuntura no campo brasileiro, onde as relações de produção passaram a se dar predominantemente entre capital e trabalho. Essa conjuntura, aliada ao programa de compensação social do governo Lula, o “Bolsas Família”, uma programa de transferência de rendimento para a população mais pobre, levou o MST a uma encruzilhada. 

Ou seja, a realidade mudou radialmente no campo brasileiro, mas a razão de ser do MST era a reforma agrária. Por isso, o movimento, que se tornara um dos símbolos de luta contra o neoliberalismo e, por isso mesmo obteve simpatia mundial, agora está perdendo protagonismo. Os acampamentos do MST foram reduzidos para menos da metade e o movimento vive grandes dificuldades estratégicas. Afinal, se a maioria dos trabalhadores está nas cidades, se o capitalismo hegemonizou as relações de produção no campo e subordinou a pequena agricultura à lógica do capital, torna-se difícil a sobrevivência no longo prazo de um movimento que tem apenas a bandeira da reforma agrária como luta estratégica. 

A condensação mais expressiva da teoria movimentista foi o Fórum Social Mundial (FSM). Por ocasião do primeiro FSM, em Porto Alegre, parecia que todos tinham encontrado a fórmula ideal, a varinha mágica, para as novas lutas sociais. Milhares de lutadores de todo o mundo convergiram para o Rio Grande do Sul para se fazer presentes no lançamento da nova grife da luta mundial autônoma. Foi um sucesso extraordinário e um contraponto ao Foro de Davos, onde os capitalistas tramavam novas estratégias para dominação do mundo. 

O sucesso de público e de mídia do FSM parecia ter enterrado de vez a noção de vanguarda política. Agora seriam os movimentos sociais, os movimentos de gênero, etnia, das mulheres, os movimentos sociais que doravante comandariam as lutas no mundo. Adeus partidos políticos, adeus movimento sindical, adeus velhos atores sociais da segunda revolução industrial. Agora eram os movimentos difusos, sem centralidade política, inteiramente autônomos, livres de dogmas e ideologias ultrapassadas que iriam provar ao mundo a nova realidade da luta social e política.

Muita gente sinceramente acreditou que o FSM poderia ser a fórmula mágica, o contraponto contemporâneo ao capital, o substituto das velhas vanguardas políticas e seu discurso autoproclamatório.  Mas a realidade aos poucos foi colocando no devido lugar o modismo movimentista. Com o tempo, o FSM foi perdendo fôlego, foi se esvaziando, até o ponto em que hoje ninguém mais acredita que possa ser alternativa a coisa nenhuma. Mas uma vez a vida provou que os movimentos por si só não têm condições de mudar a sociedade, é necessário a vanguarda política para conduzir os processos de transformação. 

O significado do pós-modernismo e as lutas sociais 

Em outras palavras, a ideologia pós-modernista é responsável por grande parte das derrotas dos movimentos sociais nestas duas décadas, não só porque esse modismo teórico influenciou parte da juventude e lideranças dos movimentos sociais, como também porque levou à frustração milhares de lutadores sociais. Isso porque as lutas fragmentadas geralmente se desenvolvem de maneira espontânea. No início tem uma trajetória de ascenso, empolga milhares de pessoas, mas logo depois o movimento vai enfraquecendo até ser absorvido pelo sistema. 

Em outras palavras, o pós-modernismo é o fetiche ideológico típico dos tempos de neoliberalismo e representa a ideologia pequeno-burguesa da submissão sofisticada à ordem do capital. Mas essa ideologia carrega consigo uma contradição insolúvel: no momento em que o capital mais se globaliza, com a internacionalização da produção e das finanças, é justamente neste momento que os pós-modernos pregam a fragmentação da realidade, a setorização das lutas sociais, a especificidade dos combates de gênero, etnia, raça, sexo, etc. Só mesmo quem não quer mudar a ordem capitalista pensa desse jeito. 

Na verdade, todos que seguem esse ritual teórico, de maneira direta ou indireta, estão abrindo mão de um projeto emancipatório e escondem sua impotência mediante um discurso cheio de abstrações sociológicas, mas muito conveniente para o capital. Por isso, combatem as lutas gerais, para fragmentá-las em lutas específicas, que não afrontam abertamente o sistema dominante.Trata-se do varejo da política fantasiado de moderno. 

Esses setores cumpriram, nos últimos 20 anos e ainda cumprem até hoje, um papel muito especial na luta ideológica atual: eles são a mão esquerda do social-liberalismo capitalista. Influenciam as gerações mais jovens, desenvolvem um discurso com aparência de modernidade, influem na organização das lutas sociais. Com seu discurso eclético e fatalista, cheio de senso comum, desorientam setores importantes da sociedade no que se refere à ação política e, na prática, ajudam a organizar, mesmo que indiretamente, a submissão de vários setores sociais à ordem capitalista e aos valores do mercado. 

Essas duas décadas de experiências fragmentadas nos levam à conclusão de que, mais do que nunca, as vanguardas revolucionárias têm um papel fundamental no processo de transformações sociais. São elas exatamente que podem conduzir e orientar os vários movimentos sociais com uma plataforma estratégica de emancipação da humanidade, o que significa derrotar o imperialismo e o capitalismo e transitar para a construção da sociedade socialista.


[*] Doutorado em Economia pela Unicamp, com pós-doutoramento na mesma instituição. É autor, entre outros, de A globalização e o capitalismo contemporâneo e A política salarial no Brasil. Professor universitário, é membro da Comissão Política do Comitê Central do PCB. 

Extraído de http://www.resistir.info/brasil/edmilson_08abr12.html


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