quinta-feira, outubro 31, 2013

MUNDO: A história de Fusako Shigenobu, a mulher-samurai vermelha

Por Angela Sztormowsky


Fusako Shigenobu, a "mulher-samurai" comunista

Muitos se perguntam se existe a figura da "mulher-samurai". Elas eram chamadas de "onna-bugeisha", conhecidas por participar de batalhas com seus colegas do sexo masculino. No Japão, a figura do samurai sempre fez parte do folclore nacional como um exemplo de guerreiro que luta pela justiça, uma versão nipônica do cavaleiro europeu. Diversos movimentos políticos fizeram de tais guerreiros um símbolo, herança do romantismo nacionalista da literatura. O Japão dos tempos atuais conhece uma famosa e moderna onna-bugeisha, que ergueu sua kataná não para combater outros feudos, mas todo um império capitalista, Fusako Shigenobu.

Fusaku Shigenobu fundou o Exército Vermelho Japonês, uma organização revolucionária de inspiração maoísta famoso por várias ações no Japão, contra o Império(isto é, a monarquia) e contra o capitalismo. Originalmente ela iniciou sua militância de esquerda na universidade, onde se formou em Economia Política e História. Após a sua formação e militância, ela foi ao Oriente Médio, onde conheceu e se juntou à Frente Popular de Libertação da Palestina. Esta frente foi integrada por vários grupos revolucionários de esquerda do mundo todo, dentre os quais a Fração do Exército Vermelho, da Alemanha Oriental, e pelo combatente internacionalista Ilich Ramirez Sanchéz, popularmente conhecido como "Carlos, o chacal", além de combatentes de outras partes do mundo capitalista, especialmente o Japão. Após algum tempo, entretanto, Fusako fundou o Exército Vermelho Japonês, que tornou-se um grupo independente, tendo a onna-bugeisha vermelha como sua fundadora e antiga líder. O grupo era conhecido também por "Brigada Internacional Anti-Imperialista" e "Frente Democrática Anti-guerra". 


Fusako e sua filha, que contou sua história no documentário "Children of revolution"(Filhos da revolução)

Uma das ações mais famosas do Exército Vermelho Japonês foi o sequestro de um avião civil em 1970, o voo 351 da Japan Airlines. Seus integrantes praticaram a ação usando típicas espadas japonesas katanás e uma bomba. O voo foi desviado para Gimpo, na Coreia do Sul, e após a soltura dos reféns naquele país, foi forçado a ir para a Coreia do Norte, onde seus militantes desceram. 

Em 1973, o Exército Vermelho Japonês(EVJ) sequestrou um avião da Japan Airlines na Holanda e levou-o até a Líbia, onde os passageiros foram liberados, após sua liberação, eles explodiram o avião.

Em 1977, os revolucionários japoneses sequestraram uma avião nipônico sobre a Índia, forçando-o a aterrissar em Bangladesh, exigindo a libertação de 6 membros do grupo presos, conseguindo ainda 6 milhões do governo japonês.

Katana, espada japonesa empregada em ações do Exército Vermelho Japonês

Em 1986, o EVJ empregou tiros de morteiro contra as embaixadas do Japão, Estados Unidos e Canadá em Jakarta, na Indonésia. Em 1987 fizeram o mesmo em Roma, contra as embaixadas britânica e americana.

Em 1988, os maoístas japoneses atacaram um clube recreativo do Exército Americano, matando 5. 

Em 2001, o Exército Vermelho Japonês clamou a autoria dos ataques de 11 de setembro, nos Estados Unidos.

Fusaku Shigenobu foi presa no ano 2000, sentenciada a 20 anos de prisão, em 2006, estando presa até o presente momento. Embora os métodos da "última samurai" do país do sol nascente sejam muito diferentes daqueles pretendidos por Lenin e Mao Tsé Tung, uma vez que utilizam-se do terrorismo, a sua determinação de lutar contra o capitalismo e o Império do Japão, entreposto do imperialismo dos Estados Unidos na Ásia, não podem passar em branco.


Fusako Shigenobu durante a década de 2000

BRASIL: Uma heroína do Nordeste contra um onanista de São Paulo

Por Angela Sztormowsky*


Michele Maximino, mãe e trabalhadora nordestina, é a campeã de doação de leite materno no Brasil, ridicularizada num programa de TV e vítima de uma sociedade de opressão da mulher

Comemora-se hoje, no dia 31 de outubro, o Dia das Bruxas, data que deveria servir de reflexão para os rumos que a sociedade quer tomar, se ela quer permanecer retrógrada, atrasada, católica e continuar queimando bruxas, ou se ela quer seguir um novo patamar onde o sexo feminino não é tratado como um mero objeto. Mas hoje, em nossos dias, mulheres ainda são jogadas na fogueira, literalmente e em sentido figurado, inclusive no Brasil.

Recentemente ganhou repercussão nacional uma ação judicial contra o comediante stand-up movido pela técnica de enfermagem do estado de Pernambuco Michele Rafaela Maximino, de 31 anos, a maior doadora de leite materno do Brasil. O leite materno, conforme se sabe, é indispensável ao ser humano nos primeiros dias de vida, sendo fonte de importantes componentes alimentares e de colostro, substância rica em vitamina A que reforça a imunidade passiva contra vários tipos de doenças.

Na época de Stalin, na União Soviética, país socialista, era comum que a premiação de todos os cidadãos por feitos que impressionassem o país ao melhorar a vida das pessoas, a maternidade, por gerar os novos filhos do país socialista, era premiada, e mães capazes de incríveis feitos rapidamente se tornavam manchete de jornais renomados, do rádio, eram consideradas "heroínas", e mesmo premiadas com medalhas, prêmios materiais e convidadas para participar de desfiles cívicos, como se fossem heroínas de guerra. O entusiasmo e o altruísmo, parte integrante da moral socialista, levaria a técnica de enfermagem Michele a uma condição digna num país socialista, ao contrário do constrangimento que enfrentou num país capitalista como o Brasil por parte de um protofascista como Danilo Gentili, que de "gentil" nada tem, tornando uma mulher trabalhadora e altruísta numa "vaca do Gentili", "vaca leiteira", como passou a ser chamada após a "piada" do fascista de São Paulo, que talvez conheça o Nordeste como um mero "lugar no caminho para Miami".

No capitalismo, a mídia faz você odiar os oprimidos e amar os opressores, já dizia Malcolm X. Num programa chamado "Agora é tarde", conhecido por trazer personagens da "esquerda festiva" como Manuela D'Ávila, para a qual "o comunismo de seu partido não é mais totalitário", atores pornôs como Kid Bengala e que atribui todo um glamour à ex-atriz pornográfica Sasha Grey, Danilo comparou Michele Maximino com o ator pornográfico Kid Bengala, alegando que "em termos de doação de leite, ela está quase alcançando o Kid Bengala". Que tipo de idiota compararia uma mãe com um gesto humanitário altruísta às ações de um ator pornográfico? Será que Danilo Gentili passou a infância "mamando" sêmen masculino para afirmar tamanho impropério? Talvez o trauma psicológico explicaria uma alegação tão bizarra e sexista. Independente dos motivos, o certo é que a sociedade misógina transformou a mulher numa mercadoria, num objeto, a ponto de um ato materno que é a amamentação tornar-se erotizado pelos meios de comunicação. Como alguém pode ousar zombar de outra pessoa com quem não tem a mínima intimidade?

O coitadismo intelectual de Gentili, humorista fadado ao fracasso, onanista e anticomunista inveterado

O "humor" stand-up de Danilo Gentili de engraçado nada tem para o povo honesto e trabalhador, ele é um imã para ignorantes e idiotas, visto que as principais vítimas de suas piadas são nordestinos, pobres, negros, mulheres e setores historicamente oprimidos. Após fotografar discretamente uma muçulmana coberta pelo véu e publicada em seu Facebook, Danilo Gentili ridicularizava a mulher como "o ninja Jiraya no aeroporto". Em sua conta no Twitter, tentando se justificar por uma piada preconceituosa, ele questionava: "Alguém pode me dar uma explicação razoável por que posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa, mas nunca um negro de macaco?". Se ele realmente precisa de uma explicação para isso, ele poderia começar a usar sua internet para, além de ver pornografia e disseminar o ódio, começar a pesquisar sobre a história dos negros, e se tem preguiça de ler, poderia mesmo buscar um documentário da rede de TV britânica BBC chamado "Racismo, uma história", legendado em português até. O documentário mostra como o epíteto "macaco" foi historicamente atribuído aos negros com o intuito de apresentá-los como uma "raça inferior" e exterminá-los sistematicamente, confiná-los em zoológicos para seres humanos, como o do Rei Balduíno da Bélgica e em zoológicos de Nova Iorque, ou ainda serem confinados em campos de concentração da Alemanha, do II Reich do Kaiser Guilherme, instalados na Namíbia, para massacrar e degolar os povos herero e namqua. Nenhum regime na história matou mais do que o capitalismo, e seus crimes são amenizados em nome de um humor pós-modernista

Mas quem disse que fascistas estão interessados em buscar a verdade? Num hangout(conferência online), Danilo Gentili confraternizava-se com dois outros personagens hediondos do Brasil, Lobão, um roqueiro fracassado que resolveu usar as ideias de extrema-direita como muleta para se manter de pé na midia, e Olavo de Carvalho, um pensador neofascista que defende a pena de morte para comunistas, o sexismo, o anticomunismo e a Inquisição. Nesse hangout, Danilo se fazia de vítima, dizendo ter cerceada sua liberdade de expressão(como se essa fosse um direito absoluto e sem limites), dizia ser vítima de uma "militância pronta para sufocá-lo", uma militância "pró-governo" e "pró-foro de São Paulo", que Olavo de Carvalho e seus seguidores apresentam como a encarnação do mal.

Danilo Gentili é uma nulidade humorística e intelectual, sua fama não está no humor, mas no seu preconceito e em suas ideias de cunho neofascista, em sua irreverência cara à geração pós-moderna, para a qual "não importa o que você expressa, mas você se expressar", pois isso, para o pós-modernismo, seria o símbolo máximo do triunfo do capitalismo, a prova de que no sistema "todos tem a liberdade para pensar como querem". Só que não, trata-se de uma liberdade garantida aos grandes capitalistas, dos quais Gentili é um mero empregado, para rir do explorado, do oprimido. Até mesmo nomes do mundo dos negócios como Roberto Justus já deram uma dura em Gentili, questionando se ele por ser "humorista" estava acima do bem e do mal. Será que existe alguma graça em reproduzir preconceitos e disseminar discursos de ódio via Twitter para centenas de milhares de seguidores?

Mesmo que seja condenado, a lei dos capitalistas é branda para malévolos como Gentili. Mesmo que seja espinafrado na rede, sem há espaço na mídia para nomes reacionários como Luiz Carlos Prates(aqui de Santa Catarina), Rachel Sherazade, Boris Casoy, Lobão, Maristella Basso ou outros que propagam o preconceito, a intolerância e que fazem apologia de uma sociedade retrógrada, misógina, ignorante e desrespeitosa para com quem deve ser desrespeitado.

O mesmo Danilo que critica a mulher exemplar de Pernambuco é o mesmo Danilo que trata como louvores uma ex-atriz pornográfica. Para homens assim, num país capitalista, não há punição adequada, talvez pagará uma indenização com o dinheiro do bolso da Band, um canal de TV reacionário. Criminosos como este deveriam pagar pelo seu crime sim num Campo de Trabalho Corretivo, a exemplo do que ocorre na Coreia do Norte no kwan-li-so, na China, no lao gai, ou ocorria na União Soviética no GULAG. E como Danilo não pode doar leite, e talvez não pode nem mesmo "fazê-lo" para suas parceiras, talvez pudesse ter alguma utilidade social cortando cana ou ajudando a abrir ferrovias para expiar os seus crimes e fazê-lo esquecer de sua ideologia nefasta.


*A Dra. Angela é advogada, pensadora e articulista de A Página Vermelha, de Santa Catarina

sábado, outubro 26, 2013

BRASIL: Espancador de manifestantes é atacado por revolta popular

Por V. Tavares


É sabido que a PM de vários estados tem atacado de forma implacável as manifestações com ataques tão impiedosos e covardes que não tem poupado nem mesmo o trabalho de jornalistas, incluindo mulheres, que trabalham cobrindo os protestos. Não são raros os que perderam a visão ou tiveram graves sequelas e hematomas pela violência desenfreada da Polícia Militar. Desta vez, entretanto, a situação se reverteu e um coronel da Polícia Militar acabou provando de seu próprio veneno, a violência. Vale lembrar de que ao contrário da PM, cuja violência desconhece a moderação, um dos manifestantes pede o fim do espancamento:

sexta-feira, outubro 25, 2013

INTERNET: Excluído mais um blog misógino, machista e anticomunista


Por Cristiano Alves


Nesta sexta-feira, 25 de outubro de 2013, foi excluído mais um blogue de teor totalitário, misógino, machista e anticomunista, o site "Homem de bem", nome que intencionalmente ou não invoca o nome de outro jornal, o "Cidadão de bem"(Good Citizen), órgão de imprensa do Ku Klux Klan.



O site era conhecido por evocar ideias próximas daquelas propagadas pelo pensador neofascista Olavo de Carvalho. Uma das bandeiras levantadas pelo nefasto sítio virtual era a defesa de "penetração corretiva de lésbicas", uma apologia direta do estupro. Um trecho reproduzido no Blogue do Rovai, da Revista Fórum, nos dá uma ideia do ponto ao qual chegava o depreciável nível de ignorância e misoginia presente no site banido:

“O estado natural do homem branco é o trabalho e o estado natural da mulher é a prostituição. Mulheres receberam um sociedade pelo nosso trabalho, existe um contrato social tácito , não existe estupro de fêmeas sem dono, apenas o acerto de contas.”

“Qual sentido de  sustentarmos tantas vagabundas com nossos impostos sem que elas não retribuam em nada?”

“Pais que tem filhas pra virarem machorras (macho+cachorra) gordas sujas tatuadas de cabelo pintado de azul cheias de DSTs.”

“Em toda a história da humanidade nunca existiu o homossexualismo feminino pelo simples fato de nenhum macho fazer nada por vagabunda nenhuma senão com objetivos sexuais. A mulher que não se prostituir de alguma forma acabaria devorada por dinossauros, estuprada e morta por hordas de bárbaros, ou simplesmente definharia com fome e frio na tundra do ártico  devido a sua TOTAL inabilidade para caçar ou construir um abrigo quente e seguro.”

“O homem branco criou o um paraíso na terra  para que todos desfrutem menos ele. A mulher é um animal sem honra nem gratidão tudo que está ai para o conforto delas foi fruto do nostro sangue.”

“Hoje  o macho delas é o  TODO-PODEROSO-ESTADO-ESQUERDISTA você é um provedor subalterno, qualquer um que levante a voz pra uma vagabunda vai preso por exercer violência psicológica.”

Uma análise minuciosa de tais escritos seria mais cabível para um psiquiatra. A ignorância dele fica evidente, quando ele nos diz que "homens e dinossauros conviveram no mesmo período", não sabe ele que seres humanos e dinossauros conviveram em períodos histórico-geológicos completamente distintos. O sítio estava hospedado num endereço do Panamá, demonstrando que seu autor conhecia bem a lei brasileira. Sobre a possibilidade de vir a ser rastreado pela Polícia Federal, disse ele:

“Eu quero que a Polícia Federal do Brasil, os integrantes do judiciário, os juízes, os procuradores e promotores. Do fundo do meu coração, eu quero que eles SE FODAM. Eu não gosto de gays, nem de esquerdistas, nem de gente que frequenta balada, eu não gosto do Brasil e muito menos da 'cultura brasileira'"

Aqui cai como uma luva a citação do filósofo Ghiraldelli quando este diz que "conservadores tem medo de sexo". Que um direitista possa odiar esquerdistas, feministas e gays, isso é de certo modo corriqueiro, trivial, mas até gente que frequenta baladas? É notável por parte do autor da página, na mesma linguagem olaviana, uma pretensa cruzada "contra o esquerdismo, o feminismo e o gayzismo", exatamente a mesma linguagem empregada pelo crápula neofascista Olavo de Carvalho, inclusive em seu hangout com seus correligionários Lobão e Danilo Gentili, onde o meliante alegava serem esses "ismos" todos braços do governo e do Foro de São Paulo, que ele apresenta como uma instituição mirabolante "responsável por impor o comunismo no Brasil". Aliás, a direita, como demonstrado por Jair Bolsonaro, sempre fez questão de defender a "Santa Inquisição", que de santa não tem nada, e imagem de mulheres que não se deixam humilhar por homens como "degeneradas com o sovaco cabeludo".



Diante de tamanho ódio, não surpreende que muitas pessoas se tornem de esquerda, pois é justamente contra isso que lutam, é para esse tipo de aberração nazi-fascista que os esquerdistas sempre apontaram seus fuzis de modo impiedoso. Esses elementos são responsáveis pela propagação do ódio, da misoginia, do racismo, do anticomunismo e de outras aberrações totalitárias. Para eles não deve haver espaço na sociedade, "exterminai o olaviado da sociedade brasileira e o fascismo desaparecerá", pensam muitos, entretanto os comunistas acreditam que mesmo numa sociedade socialista suas vidas poderiam ter utilidade, que seus crimes deveriam ser expiados em campos de trabalho corretivos, em garimpos, construindo pontes, estradas, principalmente ferrovias, provando do mesmo rigor e da exploração que impuseram por séculos ao povo trabalhador; e tão humanista seria tal sociedade que muitos destes seriam gratos por poder contar com uma ampla rede gratuita de clínicas psiquiátricas.

A "penetração corretiva de lésbicas" defendida pelo autor do blogue já excluído. Espera-se que na cadeia o direitista seja bom em artes marciais, para não ser vítima do que ele defende em seu sítio virtual.

quinta-feira, outubro 24, 2013

BRASIL: Conservadorismo, um atraso de vida!

Por Cristiano Alves


Defender o conservadorismo é defender os mais pútridos elementos da sociedade capitalista

Há algum tempo, o filósofo e professor Ghiraldelli publicou um importante artigo chamado "O que é um conservador?", que iniciava com uma notável máxima, alegando que "há três tipos de conservador: um que tem chilique com a palavra “revolução”, outro que tem chilique com a palavra “sexo”, e um terceiro, que arrepia com ambas as palavras". Essa premissa é fundamental, condição sine qua non para entender o que se passou a uma moça de Goiânia chamada "Fran", "apedrejada", ridicularizada e humilhada na internet, especialmente nas redes sociais, seu "crime": ter feito sexo e confiado vídeos íntimos a um parceiro que as difundiu pela internet.

Vivemos numa sociedade altamente conservadora e sexista, cujos membros se horrorizam com o sexo. Adotam eles um discurso pseudomoralista, mas armazenam em pendrives e(pasmem!) até mesmo HDs externos gigabytes de material pornográfico para saciar seu onanismo ou, pior que isso, mesmo chegam a gastar anualmente milhares de reais com "acompanhantes"(um nome mais sofisticado para prostitutas de luxo). Qualquer casa de prostituição está lotada de pais de família casados e católicos que à luz do dia posam de moralistas, mas de noite podem pagar verdadeiras fortunas por uma noite com uma mulher estranha a seu círculo familiar. Segundo a jovem Fran, mulher honesta e trabalhadora, quando o seu vídeo de intimidade com o namorado veio à tona, um homem chegou a oferecer-lhe a quantia de dez mil reais. Esse é o retrato da sociedade que vê enxerga a "moça de família" em contraste com a "cara de vadia", a "mulher vestida para o estupro", onde um cabelo molhado é motivo para ser considerada uma "prostituta" e que já usou em seu Código Penal a nefasta expressão "mulher honesta" como sinônimo para "mulher virgem".

É certamente digna de uma tese de doutorado essa obsessão que elementos conservadores tem pela virgindade, especialmente a feminina, como também o é o fato de um vídeo com a intimidade de um casal tornar-se assunto da semana no Brasil. Há tempos casais registram sua intimidade, seja por fotos, vídeos e até pinturas e desenhos. Um amigo que trabalha com fotografia disse-me certa vez que não raramente apareciam em seu estúdio fotográfico rolos para revelação que traziam momentos íntimos de casais e duplas não tradicionais, especialmente inter feminis. O que tais casais(tradicionais) fazem é o que nossos pais, avós, bisavós fizeram, tenham registrado ou não. Logo por que condenar alguém que registra sua intimidade? Afinal, só se tem acesso a tal material quando alguém voluntariamente o acessa, e quem é o mais "safado" nessa história, quem filma ou quem está preocupado com o que outros andam fazendo?

O moralismo que exige mulheres vestidas da cabeça aos pés é o mesmo que usa e abusa do corpo feminino para propósitos lucrativos

É importante notar que esse fenômeno de jogar na fogueira quem "caiu na net", é um fenômeno brasileiro. Em países socialistas predomina uma coisa chamada "liberdade sexual", um famoso documentário alemão demonstra como as mulheres da antiga Alemanha Oriental tinham mais liberdade sexual do que suas congêneres da Alemanha Ocidental, como o sexo era visto como um ato de amor, e não uma imposição midiática ou religiosa em virtude de casamento. Mesmo nos países capitalistas mais avançados como os Estados Unidos é comum que casais filmem a sua intimidade e mesmo a divulguem pela internet, às vezes com a participação de terceiros até. Na Rússia há atrizes pornográficas que usam um perfil real na rede social VK, e esses não viram ataques de onanistas hipócritas nem se tornam a sensação da semana. Na Alemanha, como em grande parte da Europa, é comum que homens e mulheres(sem propósito sexual) frequentem ambientes parcialmente e até completamente sem roupas, saunas por exemplo.

No Brasil, a opressão da mulher chega a uma proporção tamanha, que "cair na net", nas palavras da jovem trabalhadora Fran, chega a ser pior do que morrer, pois quando alguém morre, acaba tudo, mas quando uma mulher "cai na net", ela passa a viver sem poder se expor, é "apedrejada" por onde passa e mesmo o seu local de trabalho passa a ser visto por homens machistas como "local de prostituição" devido a boatos. Aliás, é interessante perceber como esse tipo de mentalidade não surge por geração espontânea, um famoso historiador burguês, Simon Sebag Montefiore, descrevia em sua obra "O jovem Stalin" a mãe do líder georgiano como uma prostituta pelo simples fato desta trabalhar demais em casas alheias como lavadeira; coisas que só existem numa mente machista, uma "prostituta que trabalha muito honestamente". É interessante lembrar que como bem destaca Daniela Arbex, autora do livro "Holocausto brasileiro - vida, genocídio e 60 mil mortes no maior hospício do Brasil", mulheres que casavam sem ser virgens ou que demonstravam um comportamento sem uma genuflexão ao macho eram enviadas para um campo de concentração e hospício.

Campanha da ONU que usa o Google para demonstrar a força do preconceito contra a mulher no mundo

É comum presenciar elementos conservadores negando o sexismo e a opressão da mulher no Brasil, dizem eles "mas nós temos uma presidenta", "ah, mas sou conservador e adoro M. Tatcher", um raciocínio tão pueril que pode ser facilmente desmontado demonstrando ao ignorante que a mesma Inglaterra que tinha Elizabeth I à sua testa era a mesma cuja sociedade decapitava mulheres para que monarcas pudessem se casar novamente. É trivial perceber revistas conservadoras como a Veja tentando coisificar a mulher, sempre arranjando uma "musa disso ou daquilo", como tentaram fazer com uma jovem integrante do Black Block, como se o fato desta ser esteticamente bela a impedisse de protestar.

De fato, na sociedade brasileira é comum perceber em alguns lugares como as mulheres adotam uma postura de submissão que lhes é imposta desde a infância, assim, se uma mulher passa por um homem, esta abaixa a cabeça, tal como os judeus agiam ante os nazistas em seus guetos na Alemanha hitleriana. É uma cena comum, e os leitores homens podem fazer o teste na rua. E justamente por aprenderem desde a infância que devem ser meros objetos de diversão masculinos, elas repassam aos seus filhos homens que esses devem ser também machistas, algumas mesmo chegam a atacar ideias feministas como se essas fossem "coisa de extremistas neuróticas", ou de "mulheres feias com sovaco cabeludo"(até nisso a sociedade reproduz a ideologia da Inquisição, que apresentava a bruxa como uma criatura feia), como foram descritas em um hangout(conferência em vídeo) do deputado Jair Bolsonaro, neste dia 23 de outubro. Há algum tempo, um professor da UFT reagiu de modo furioso quando uma das leitoras de A Página Vermelha, Angela M., alegou que o seu sítio virtual perdeu a credibilidade, chamando-a de "burra, desmiolada e retardada", epítetos que tal covarde poupou para os homens que o criticaram.

Típico machista esbravejando contra uma mulher

Durante algum tempo circulou pela rede um boato de que a jovem Fran teria sido encontrada morta, após suposto suicídio, um rumor comprovadamente falso. Mas muitas mulheres enfrentam um destino parecido, após serem traídas por seus parceiros e até por parceiras, em alguns casos, muitas são obrigadas a mudar sua aparência(inclusive através de plásticas), cortando ou mudando a cor do cabelo, saindo de seu estabelecimento de ensino, de seu emprego e até mesmo fugindo para outras regiões ou países. Assim, o meme que tem circulado as redes sociais com o intuito difamatório contra a jovem de Goiás demonstram apenas o quão hipócrita, atrasada, reacionária e conservadora é a sociedade brasileira. O seu machismo, longe de ser uma mera "posição ideológica" ou "afirmação de virilidade", é uma doença, uma forma de perverter o homem num ser misógino, energúmeno e opressor da mulher. É como a cleptomania! Por que não propagar e louvar a cleptomania numa sociedade onde já se propaga o machismo?

O Brasil não precisa de conservadorismo, um atraso de vida! A solução para superar a sociedade arcaica, reacionária e opressora da mulher, para livrá-la da escravidão doméstica e de sua condição de "bunda e peito", está no socialismo científico; são as suas teses que apresentam um método para a superação da sociedade conservadora em que vivemos e sobretudo para a emancipação da mulher. É por isso e por outros motivos que muitas mulheres abraçam a causa comunista, a causa de Rosa Luxemburgo, de Zoya Kosmodemyanskaya, de Eliza Branco, de Dolores Ibarruri e de milhões de mulheres honradas que lutaram contra a opressão não apenas das mulheres, mas de todos os trabalhadores!

quarta-feira, outubro 23, 2013

BRASIL: Presidente do SINDIPETRO/RJ se desfilia do PT

BRASIL: A saga de Lobão(em fotos)

Extraído do blog www.comunistas.spruz.com









ESPORTE: Lutador comunista americano do MMA surpreendeu plateia russa com hino soviético


Por Cristiano Alves


Há quem diga levianamente que "os russos hoje odeiam o comunismo", não obstante o fato de que mais da metade acreditam que na URSS vivia-se melhor e que mais da metade dos russos considera Stalin positivamente, tendo eleito o revolucionário georgiano como o terceiro maior nome da história. Todavia, mais surpreendente que esse saudosismo por um sistema tão "malvado e cruel", foi um ocorrido em 2012 num evento de MMA, em São Petersburgo, o M-1. 

Inicialmente, surpreendeu o evento ter tido em sua plateia o... presidente da Federação Russa, Vladimir Putin(alguém já imaginou a presidenta Dilma Rousseff ou mesmo o ex-presidente Lula indo a um evento de MMA?). Primeiro, entra o lutador russo, Denis Komkin, ao som de "O fantasma da ópera"(ópera americana), instrumental. Depois entra o lutador americano Jeff Monson, popularmente conhecido como "The Snowman"(O homem da neve, em plena cidade do Neva, quanta coincidência!). Mas sucede-se então o mais surpreendente momento, Monson entra ao som do hino da União Soviética, e não foi "o hino instrumental comum à Federação Russa e URSS", foi exatamente o hino da URSS com as letras daquele tempo! A atitude de Monson rendeu-lhe aplausos generalizados e entusiásticos do público russo, obrigando toda a plateia, inclusive o presidente Vladimir Putin, a se levantar, um tanto estranho para quem viveu na "terrível e violenta ditadura comunista". De fato, Putin soltou um certo sorriso de pé, como quem diz "que trouxa, ele ainda é comunista, mas pelo menos está respeitando o nosso país".

É certo que dentre os presentes, nem todos eram comunistas, talvez mesmo poucos o fossem, mas quando até um cidadão americano reconhece o quão grande foi a potência vermelha, isso é sinal de que naquele tempo as coisas eram melhores, e de fato muitos russos, mesmo os não-comunistas, reconhecem que foi nesse período que se deram as maiores realizações dos povos da Rússia e de outras repúblicas durante o século XX e em toda a sua história.

E para essa história ter um final feliz, o atleta americano, casado, pai de dois filhos, venceu a luta, aplicando técnicas de Jiu-Jitsu Brasileiro, sua principal arte marcial. Mas ainda que não triunfasse, Jeff Monson já é um vencedor, pois além de ser um campeão no esporte, no MMA, é também um campeão de humanismo e de internacionalismo! Resta perguntar, será que na cara cara desse o velhote fascista amante de bravatas, Olavo de Carvalho, ousaria cuspir em sua cara? Claro que sim... através da webcam de seu talkshow, popularmente denominado talkshit!


Confira os eventos descritos:



ESPORTE: Nosso amigo e camarada Jeff Monson


Por Andrey Yazov

Tradução: Cristiano Alves

Publicado originalmente no site do PCRF: http://cprfspb.ru/12069.html


À primeira vista, Jeff Monson é uma montanha de músculos quase totalmente coberta de tatuagens. No entanto, um exame detalhado de Jeff dá a impressão de ser uma pessoa inteligente e camarada. Um fato interessante da biografia de Monson é que além de todos os títulos desportivos, ele não apenas tem mestrado em psicologia, como também trabalhou durante vários anos na especialidade de psicólogo da família.

Mas além de tudo, o que mais atrai neste homem é sua vida de ativista. Ardente defensor das ideias comunistas, o antifascista Jeff Monson propagandeia não apenas o esporte, mas princípios próximos dos nossos. Ele não apenas da boca pra fora, mas através de atos nos condena a combater a desigualdade de classes. Assim, em 2009, Monson foi acusado de vandalismo em primeiro grau por ter escrito "Não à miséria" e "Não à guerra" nas colunas do Capitólio. Por isso foi condenado a três meses de trabalho corretivo e a pagar uma multa de 20 mil dólares. Em junho de 2012, em São Petersburgo, ele foi lutar sob o som do hino da URSS, o que obrigou todo a plateia, incluindo o presente presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, a levantar-se.

Sua dedicação e compromisso com suas ideias inspiram respeito. Essas qualidades o distinguem de muitos desportistas domésticos(russos, nota da tradução), que dão a impressão de que seu principal ideal é o dinheiro. Devido a todas essas qualidades, Monson recebeu na Rússia o reconhecimento que merece. Com grande interesse encontram-se com ele em todas as cidades do nosso país.

Os membros do Komsomol(nota da tradução: juventude comunista) de Leningrado tiveram a oportunidade de encontrar-se com Jeff antes da luta. Assim, como esse encontro se deu próximo ao aniversário de 95 anos da VLKSM(nota da tradução: Juventude Comunista Leninista de Toda a União), a ele foram entregues suvenires, preparados para esse magnífico evento. Primeiramente uma camisa, emitida para a data, e um distintivo do jubileu de fundação do VLKSM. Jeff ficou tão contente com o presente que imediatamente vestiu a camisa. Após o amistoso encontro, os jovens comunistas desejaram a Monson uma vitória de número 50 em sua carreira, e concordaram em manter contato durante suas visitas à cidade do Neva.


Sim, as fotos com a camisa comunista foram "por educação", por educação socialista!










terça-feira, outubro 22, 2013

TEORIA: Breve curso de marxismo-leninismo

Por William Bland

Notas de Cristiano Alves: William Bland foi sem dúvidas um dos maiores marxistas-leninistas dos anos 90, sua organização, a Aliança Marxista-Leninista do Reino Unido congregou importantes cavaleiros do comunismo dotados da teoria e da prática revolucionária anticapitalista. Embora algumas questões refiram-se à sociedade britânica, quase tudo no breve curso é plenamente aplicável à sociedade brasileira.



1. O QUE É ECONOMIA?

É a ciência das formas que as pessoas encontram para satisfazer suas necessidades materiais(alimentos, roupas,moradia, etc.).

2. O QUE É POLÍTICA?

É a ciência das formas pelas quais as pessoas se organizam em sociedade.

(NOTA: É mais antiga do que a "ciência política". Povos primitivos, sem Estado ou governo, tinham organização política).

3. O QUE É PRODUÇÃO?

É a transformação de matéria-prima em coisas que as pessoas possam usar, ou seja, em produtos.

(NOTA: O produto de um processo de produção, tal como o ferro, pode tornar-se matéria prima de um outro processo produtivo, tal como a engenharia).

4. O QUE SÃO MEIOS DE PRODUÇÃO?

São as ferramentas que as pessoas usam para produzir, desde o machado de pedra até a fábrica automatizada.

5. QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS SISTEMAS SOCIAIS CONHECIDOS NA HISTÓRIA?
1. Comunismo primitivo, tal como na sociedade africana tribal;
2. Escravismo, tal como no Império Romano;
3. Feudalismo, tal como na Europa medieval;
4. Capitalismo, tal como na Grã-Bretanha contemporânea;
5. Socialismo, tal como o que ocorreu na antiga União Soviética nos tempos de Lenin e Stalin.

6. O QUE É EXPLORAÇÃO?
É o ato de viver, parcial ou totalmente, do trabalho dos outros.

7. O QUE É UMA CLASSE SOCIAL?
É um grupo social que possui distintas relações com os meios de produção. 
O membro de uma classe:

1. Possui meios de produção e vive da exploração de uma classe que não possui tais meios;
2. Possui os meios de produção e vive por meio de seu próprio trabalho; ou
3. Não possui quaisquer meios de produção e vivem através da venda de sua capacidade de trabalho para a categoria que possui os meios de produção.

A classe da categoria 1 é uma classe exploradora, ao passo que a classe da categoria 3 é uma classe explorada.

8. QUAIS SÃO AS CLASSES SOCIAIS BÁSICAS NA GRÃ-BRETANHA HOJE?

1. a classe capitalista ou burguesia, que possui seus próprios meios de produção e vive explorando a classe social que não os possui;
2. a classe média ou pequena-burguesia, que possui seus próprios meios de produção e vivem primariamente de seu próprio trabalho; e
3. a classe trabalhadora ou proletariado, que não possui meios de produção e vivem da venda de sua capacidade de trabalho à classe capitalista.

9. QUE SISTEMAS SOCIAIS CONHECIDOS NA HISTÓRIA SÃO BASEADOS NA 
EXPLORAÇÃO?

1. escravismo (na qual a classe dos escravos era explorado pela classe dos donos de escravos);
2. feudalismo (na qual a classe dos servos era explorada pela aristocracia); e
3. capitalismo (na qual a classe operária é explorada pela classe dos capitalistas).

10. QUAL É A CAUSA BÁSICA DA MUDANÇA HISTÓRICA DE UM SISTEMA PARA OUTRO?

O desenvolvimento de ferramentas e técnicas. O processo ocorre dentro de um sistema social em particular até alcançar o ponto em que essas novas ferramentas e técnicas não podem ser desenvolvidas, ou mesmo usadas, para a maioria, dentro do sistema social. As frustrações resultantes disso, dão origem a um movimento político, que tem a função de mudar o sistema social para um novo. Eventualmente, esta mudança é uma ruptura, permitindo que as ferramentas e técnicas sejam desenvolvidas dentro do novo sistema social.

No primeiro estágio da sociedade humana as ferramentas e técnicas eram tão primitivas, e conseqüentemente a produção muito baixa, que era impossível para alguém produzir o suficiente para manter ele próprio e seus dependentes vivos. Não havia, assim, um excedente que alguém poderia utilizar.

Conseqüentemente, a exploração era impossível, pois os meios de produção eram da coletividade, e o sistema social era uma espécie de comunismo primitivo.

Todavia, dentro do comunismo primitivo, as ferramentas e técnicas continuaram a ser desenvolvidos, até alcançar o ponto em que era possível para alguém produzir mais do que o necessário para manter a si mesmo e aos seus dependentes vivos. Até aí, os prisioneiros de guerra eram geralmente comidos; agora, no entanto, o canibalismo veio a ser considerado como imoral pela sociedade, pois já não era mais economicamente sensível: tornando um prisioneiro de guerra em um escravo tornava possível obter dele não apenas um bom alimento, mas alimentos para toda a vida obtidos de seu trabalho escravo.

Assim, como resultado do desenvolvimento das ferramentas e técnicas, o comunismo primitivo deu lugar ao escravismo. A sociedade tornou-se dividida em duas classes sociais: a classe dos exploradores senhores de 
escravos e a classe dos escravos explorados.

segunda-feira, outubro 21, 2013

CINEMA: Filme sobre Yuriy Gagárin ganha legendas em português

Por Cristiano Alves


"Gagarin, perviy v kosmose" revela um dos maiores feitos da humanidade, seu primeiro voo espacial

Há 52 anos atrás o cosmonauta soviético Yuriy Gagárin concluía um feito almejado pela humanidade há mais de 2000 anos, isto é, a chegada até o espaço. Gagárin era a prova viva de que era possível um ser humano manter-se consciente sem a presença da gravidade terrestre, avistando o nosso planeta Terra do espaço. Sua realização também demonstrava que um país governado por trabalhadores poderia chegar a um nível tecnológico superior ao dos países capitalistas. A história do herói comunista, entretanto, nem sempre foi conhecida por todos.

O filme "Gagárin, perviy v kosmose"(Gagárin, o primeiro no espaço) foi produzido por Oleg Kapanets. A decisão de produzi-lo surgiu quando este, que então trabalhava nos Estados Unidos, percebeu um nível intenso de ignorância dos americanos acerca do primeiro homem no espaço, segundo ele "fora da Rússia, pelo menos nos Estados Unidos, acredita-se que o primeiro homem enviado ao espaço foi um cidadão norte-americano. É muito triste as pessoas não saberem a verdade e, por isso, o nosso grande objetivo é restabelecer a verdade histórica, fazendo justiça e prestando as devidas homenagens a Yuri Gagarin, o autêntico pioneiro dos voos espaciais.”1

O filme sobre Gagárin levou mais de cinco anos para ficar pronto, tendo sido lançado no Dia do Cosmonauta, comemorado na Rússia no dia 12 de abril. Segundo Oleg Kapanets,  “a autorização concedida pela viúva e pelas filhas de Yuri Gagarin foi muito importante para nós, até porque, antes elas haviam vetado diversas outras propostas de realização de filmes sobre Yuri Gagarin. Discutimos com elas todo o roteiro e alguns fragmentos que havíamos filmado previamente. A família de Yuri Gagarin não queria nada de especial. A viúva e as filhas nos pediram apenas para não deturparmos os fatos e revelarmos a verdade sobre aquele voo. Toda a equipe de filmagens tinha o mesmo objetivo: ao invés de um ícone, queríamos mostrar um ser humano que sabia sonhar, pensar e amar. Assim, pode-se ver no filme um Yuri Gagarin rodeado de amigos e, ao mesmo tempo, como um verdadeiro vencedor.”2

O então major Gagárin e a Rainha Elizabeth II no Reino Unido, onde recebeu honrarias, inclusive de sindicatos de operários que visitou. Ele fez questão de cumprimentar, sob chuva, a multidão

O papel de Gagárin é representado por diferentes atores, uma vez que são retratados diferentes momentos de sua vida, inclusive os tenebrosos dias em que viveu em território ocupado pelos nazistas, tendo alguns de seus irmãos raptados pelo fascismo alemão. Durante a maior parte do filme, entretanto, ele é retratado pelo ator russo Yaroslav Jalnin, escolhido por sua semelhança com Yuriy Gagárin, a despeito de ser 4 polegadas mais alto que ele. Jalnin e outros atores do filme passaram pelos mesmos testes do programa espacial, inclusive a Centrífuga, onde Jalnin suportou apenas 4G, contra os 10G ao qual eram submetidos os cosmonautas.

Jalnin, em entrevista ao jornal Izvestiya, conta que foi escolhido em parte por causa de sua forma de ser, que lembrava a idiossincrasia do herói comunista. De fato, Yuriy Gagárin, como demonstrado em vários vídeos documentados, era um homem carismático, sorria constantemente, tinha um grande apreço por todos os povos e etnias, tendo inclusive estado no Brasil, onde recebeu do então presidente Jânio Quadros a mais alta honraria do país, a Ordem do Cruzeiro do Sul, e entregando ao presidente brasileiro uma mensagem de Nikita Hruschov; atos que enfureceram o público conservador do Brasil, o que seria ainda mais intensificado, semanas depois, com a entrega da mesma honraria a Ernesto Che Guevara, outro comunista igualmente famoso e carismático. A visita de Gagárin a São Paulo despertou uma grande mobilização popular para receber o herói soviético, lá ele provou a comida típica brasileira, o café brasileiro. Também visitou a cidade de Brasília, da qual teve boa impressão, mencionando que "pareceu ter chegado a outro planeta", por causa de sua arquitetura, projetada também por um comunista, o saudoso arquiteto Oscar Niemeyer. 

Dois dos mais famosos comunistas dos anos 60, o já coronel Yuri Gagárin e Che Guevara

Gagárin era tão bem preparado quanto os demais cosmonautas, também era membro do partido como os demais, todavia o seu carisma foi fundamental para a sua escolha, fato abordado no filme. Sendo o povo soviético descrito no resto do mundo como um povo "sisudo", "muito sério" e o próprio socialismo apresentado de forma vilanesca como um sistema de "bárbaros malvados e barbudos", o sorriso de Yuriy Gagárin conquistava a todos que o cercavam, inclusive seus inimigos, fazendo dele a escolha perfeita para se tornar mais famoso comunista soviético de seu tempo.

O filme retrata também as relações entre Gagárin e seus companheiros do programa espacial, especialmente Guermán Titov, o segundo homem no espaço, e Grigoriy(Grisha) Nelyubov, procurando mostrar mais o homem em si, com suas alegrias e tristezas, do que o "herói". Também são retratados os riscos do programa espacial ao qual Gagárin se submeteu, pois hoje se sabe que não havia garantia de seu retorno à Terra e mesmo de que o Dispositivo do Motor de Parada(DMP) funcionaria para reintroduzi-lo ao planeta. A família de Gagárin, sua esposa e suas duas filhas, também é retratada. Importantes personagens da época também não são deixados de lado, dentre os quais Sergey Korolyov, os políticos(especialmente Hruschov e Mikoyan) que enxergavam no feito uma boa peça de propaganda política, Nikolay Kamanin, um dos primeiros a receber o título e a medalha de Herói da União Soviética, além dos construtores do foguete e outros cosmonautas que mais tarde se eternizariam. É feita uma referência ao "camarada Levitan", isto é, Yuriy Levitan, famoso radialista soviético de origem judia que anunciou alguns dos mais importantes eventos da URSS, dentre os quais o início da Grande Guerra e seu fim.

Gagarin(Yaroslav Jalnin) e o construtor chefe S. Korolyov(Mihail Filippov)

O personagem Sergey Korolyov, o construtor-geral do foguete de Gagárin, demonstra um diretor preocupado com todos os aspectos do programa, aspecto fundamental para que tudo desse certo e não houvesse perdas humanas.

O filme retrata o drama vivido pelas esposas dos cosmonautas, que acreditavam que o voo espacial seria morte certa, destino que vitimou Vladimir Komarov, o primeiro a ir duas vezes ao espaço

"Gagarin, o primeiro no espaço"(tradução optada pelo autor deste artigo) é, além de um filme biográfico, uma perfeita refutação da ideia de que "no socialismo não existe competitividade", retratando bem o espírito de "emulação socialista" existente no grupo de cosmonautas. A emulação socialista, como bem colocado por Lenin, era um princípio socialista que substituía a "concorrência" do capitalismo. Ao passo que na última há um forte estímulo ao progresso através da competitividade, mas apenas um é beneficiado, na emulação socialista premia-se o primeiro, mas todos são beneficiados. É estranho ao socialismo a ideia de um "relaxamento generalizado" no trabalho. O filme também refuta a ideia de que o Estado não pode trazer nada de bom em termos de tecnologia, de que socialismo é atraso ou que num país onde os trabalhadores detém o poder nada de bom pode ser efetuado. Ele demonstra uma grande conquista num país que investiu pesado em educação, saúde e tecnologia, que na época de Stalin avançou 100 anos em 10, saindo do arado para entrar na era espacial.

Thomas Statford, astronauta americano, Elena Gagarina(filha de Yuri Gagarin) e Alexei Leonov, num encontro em homenagem aos 50 anos do primeiro homem no espaço, em Moscou

O filme sobre o cosmonauta soviético reúne muitos elementos que fazem valer a pena assisti-lo, longe de ser uma mera biografia, "Gagárin, o primeiro no espaço" é um filme sobre o direito de ser o primeiro, de ser o escolhido, ele também faz jus ao feito do primeiro cosmonauta, geralmente relegado a uns três ou quatro verbetes em livros de história com nítidas inclinações pró-americanas. É um filme para todas as idades, seguindo os padrões soviéticos de "filme sem palavrão", sendo sua classificação etária em 6 anos, recomendado para fãs de filmes sobre o espaço, para quem quer história ou bons efeitos especiais, para comunistas, saudosistas da URSS ou simplesmente para grupos em treinamento, uma vez que expõe a importância da preparação psicológica para ser o primeiro e o fardo da ganância e da soberba. Um filme para todas as idades, para todos os tempos, sucesso de crítica, seguindo outros dois grandes sucessos sobre heróis soviéticos, Legenda nº 17, sobre um herói do hockey soviético, e Vysotskiy, sobre o famoso bardo e músico soviético.

O filme russo sobre Gagárin não foi o primeiro sobre as conquistas espaciais soviéticas, ainda em 1959, uma famosa comédia chamada "O homem do Sputnik", que tinha no seu elenco Jô Soares, baseado no romance "O inspetor-geral", de Nikolay Gógol, dramatizou uma suposta queda do primeiro satélite artificial humano no Brasil, dando início a um jogo de espionagem para recuperar o artefato.

As legendas do filme Yuri Gagárin foram traduzidas direto do russo para o português pelo autor de A Página Vermelha, Cristiano Alves. Disponíveis no site "Opensubtitles".3


Trailer(legendado):





1- http://www.diariodarussia.com.br/cultura/noticias/2013/04/15/lancado-na-russia-o-filme-gagarin-o-pioneiro-do-espaco/
2- ibid.
3- http://www.opensubtitles.org/en/subtitles/5231887/gagarin-pervyy-v-kosmose-pb


*Se você gostou das legendas, não deixe de doar para o nosso Paypal: apaginavermelha@gmail.com

domingo, outubro 13, 2013

EDITORIAL: Ladrão de motos baleado, aplaudir ou condenar?


Por Cristiano Alves




Foi postado hoje em sites de transmissão de vídeos uma filmagem que rapidamente se tornou viral, onde um trabalhador pilota alegremente sua moto, até ser parado por dois ladrões em um assalto a mão armada(roubo), em pleno movimento. O trabalhador, que a tudo filmava com a câmera de sua moto, passa então as chaves e um dos ladrões tenta levantar sua moto caída, até ser surpreendido por um policial que desce de seu carro pessoal e alveja o ladrão com dois tiros. O outro jovem foge na moto empregada no assalto. Surgiram vários comentários elogiando a ação, inclusive posições sectárias, alegando que seria o piloto da moto "um burguês por ter uma moto de 30 mil". Existe um abismo social tão grande no Brasil, que hoje até o fato do indivíduo usar um tênis de marca famosa faz com que alguns indivíduos moralmente degenerados ou sectários apontem o dono do bem como um "burguês". Como bem coloca a filósofa brasileira Marilena Chauí(O mito fundador do Brasil), não é um bem que caracteriza alguém com a condição de "capitalista" ou "explorador". E como se posicionam os reais comunistas sobre o ocorrido?

De fato, não há problema em atirar em um ladrão armado que planejava levar a moto de um trabalhador, que muitas vezes trabalha por meses para poder comprá-la para ir ao trabalho e outros locais de difícil acesso por causa do péssimo e caro transporte coletivo brasileiro, sendo então um ato de justiça e legalmente amparado como sendo a legitima defesa de outrem, dado o imediatismo da ação. 

O pior prejudicado com esse tipo de crime, é o proletário, é aquele que dá duro na vida para poder sobreviver, ganhe ele um salário ou dez. O burguês tem seguro, tem uma renda alta, tem uma série de recursos econômicos que lhe permite recuperar rapidamente suas perdas financeiras. O operário, o campesino, precisa trabalhar por meses para recuperar o valor de seu bem roubado, de modo que para ele o crime é bem mais impactante e danoso, deste modo é plenamente normal e aceitável que muitos comunistas aplaudam a ação do policial como um ato de justiça, entretanto estes não sustentam o mesmo discurso hipócrita de uma classe média manipulada e reacionária.

É curioso perceber como muitos aplaudem os tiros contra o bandido, dizem que "bandido bom é bandido morto", mas curiosamente esse discurso muda da água para o vinho, ou melhor, da água para o chorume, quando se trata da punição de crimes em países socialistas e de orientação marxista. Assim, para estes, é bom ter bandidos mortos no capitalismo, mas o bandido morto no socialismo se torna "vítima", ainda que se trate de um estuprador ou de um pedófilo, o que faz dos apologistas do regime capitalista, por extensão, defensores da pedofilia, do tráfico de drogas e do estupro! Na União Soviética não existia pedofilia, e os poucos que se atreviam a abusar de crianças eram gentilmente agraciados com um tiro na nuca, como ocorreu ao bandido conhecido por "Cidadão Tchikatilo", pedófilo e canibal. Claro que para um apologista do regime capitalista, isso é "um crime terrível", uma "pobre vítima do comunismo". Alguns podem argumentar dizendo que "no comunismo as pessoas são presas por pensarem"... Mesmo se isso fosse verdade, imaginemos que a Alemanha pré-hitleriana fosse socialista e tivesse prendido Hitler e seus comparsas por pensar, a Alemanha jamais teria conhecido o fascismo, assim não estaria sendo um ato de justiça "prender alguém por pensar"? Mas para não recorrermos ao argumento ad hitlerum, se a sociedade brasileira abomina o crime e as sociedades socialistas e de orientação marxista praticamente eliminaram a criminalidade, então não seria igualmente abominável alguém, num país socialista, defender o retorno de uma sociedade que cria um terreno fértil para a criminalidade? Não seria abominável e criminoso alguém defender uma sociedade onde o desemprego faz parte de seu mecanismo, que gera as condições para a ocorrência do crime contra o trabalhador? Não seria abominável alguém defender o caos e a desordem em vez de um sistema marcada pela verdadeira ordem e pela harmonia social?

É nessas horas que fica evidenciado que a capacidade de indignação da burguesia e de seus lacaios pequeno-burgueses é seletiva! Aplaudem o policial que atirou no bandido, mas apedrejam a mãe pobre que tenta fazer abortamento. Aplaudem o policial que baleou o criminoso, mas apedrejam o casal homossexual que não gera prole. O que é melhor? Ter como vizinho uma dupla de homossexuais ou um casal que põe dez filhos no mundo sem ter condições de alimentar pelo menos dois deles? Uma dupla não-tradicional ou um casal de católicos fervorosos e fascistas, que põem no mundo um outro fascista para espalhar o ódio e o racismo nas redes sociais? 

O garoto que assaltou o motoqueiro foi duas vezes criminoso, da primeira vez por ter cometido crime de roubo, parado pelo policial, e da segunda vez por apontar uma arma para roubar o próprio irmão. Entretanto, a fábrica das desigualdades sociais e das condições que incrementam a criminalidade no Brasil, é o seu modelo econômico, e justamente por isso não basta "matar um bandido" pois dez ou mais estarão nascendo para substituí-lo. O que é preciso é mudar o sistema e promover uma luta de classes acentuada contra aqueles que querem o velho Estado de classes, os anticomunistas, hipócritas e apologistas da criminalidade!

sábado, outubro 12, 2013

A VOZ DO COMUNISMO: Debate sobre o Anticomunismo


Debate sobre o "Anticomunismo", hoje, neste sábado(12/10/2013), às 20:00, horário de Braília, ao vivo. Com Cristiano Alves e Angela Mezacasa.





Vídeo do debate:

sexta-feira, outubro 11, 2013

VÍDEO DA SEMANA


Discussão entre Engels e Bakúnin retratada no filme soviético "God kak jizn"(O ano é como uma vida). A discussão é plenamente atual, afinal, quem nunca ouviu aqueles que acreditam que a revolução se dará pelo "espontaneísmo das massas"? Por um "instinto"?


terça-feira, outubro 08, 2013

MÚSICA: Punks espanhóis fazem música ridicularizando o "antistalinismo"


Por Cristiano Alves


Conforme bem colocado pelo pensador marxista William Bland, antistalinismo é uma manifestação acentuada de "anticomunismo", onde o interlocutor normalmente ataca Stalin com os mesmos argumentos que usaria para desqualificar qualquer outro líder comunista, usando assim o georgiano como espantalho. Essa tendência foi ridicularizada por uma banda punk chamada "Los Monstruítos", da Espanha, país cuja revolução republicana recebeu grande assistência da União Soviética durante a liderança de I. V. Stalin. Confira:




Era un salvaje, un bárbaro, un genocida y carecía de simpatía
Un asesino de niños, ¡¡Se comía vivos a los niños!!
Solo quería poder y más poder
estaba cojo y era feo... un traidor que cuando gobernó
surcó mares de hemoglobina

Quería matar a toda "la gente" 6.000.000.000.000.000.000 de muertos
más o menos, no estoy muy seguro

Me ha salido un grano en la nariz...seguro que es culpa de Stalin
Mi novia me dejó antes de ayer... seguro Stalin, tuvo que ver

Stalin, liberó al mundo de nazis siguiendo la obra de Lenin
¿Qué coño me hablan de Stalin?
Stalin... ¿Qué coño me hablan de Stalin?
Camarada Stalin. SLAVA STALIN


Em português:

Era um selvagem, um bárbaro, um genocida e carecia de simpatia
Um assassino de crianças, comia crianças vivas!!!
Só queria poder e mais poder
estava manco e era feio... um traidor que quando governou
sugou mares de hemoglobina

Queria matar todo mundo, 6.000.000.000.000.000.000 de mortos
mais ou menos, não estou muito segudo

Saiu um grão do nariz... seguramente culpa de Stalin
Minha namorada me deixou antes de ontem... seguramente Stalin teve algo a ver

Stalin, libertou ao mundo dos nazistas seguindo a obra de Lenin
Que diabos me falam de Stalin?
Stalin... Que diabos me falam de Stalin?
Camarada Stalin. SLAVA STALIN(Glória, Stalin)

segunda-feira, outubro 07, 2013

TECNOLOGIA: Telefone celular, mais comunista do que você imagina!

Por Cristiano Alves


Para o Dr. Karl Heinrich Marx, em "Crítica ao programa de Gotha", o bem estar dos operários é um objetivo da sociedade comunista

Se diz comunista, mas usa telefone celular e iPhone!!! Quem nunca ouviu essa frase, geralmente em tom histérico ou irônico, deste ou daquele ignorante direitista metido a conhecedor da história e da obra de Marx? A revelação que esse artigo fará certamente deixará muitos lambe-botas de capitalistas inquietos, talvez mesmo irritados. Certamente, ao usar um clichê tão caricato eles ignoram que uma invenção que costumam usar foi concebida originalmente num país socialista!

Segundo a lenda, "o primeiro telefone celular foi inventado nos Estados Unidos". A mesma insiste que em 3 de abril de 1973, o diretor da companhia Motorolla, Martin Kutcher, apresentou em Manhattan um dispositivo de telefonia celular numa exposição. Todavia, foi somente em 1979 que a Travel Eletronics passou a comercializá-lo. Pesava quase um quilo, e seu valor era de aproximadamente US$ 3700,00. O custo de sua ligação era de 24 a 40 centavos por minuto.

Qualquer que pesquise sobre o nome de Leonid Ivanovich Kupriyanovich se dará conta de que sabe apenas sobre uma parte da história. O inventor comunista russo era um famoso engenheiro, conhecido por seus inventos na área de comunicação. Em 1955, ele publicara numa revista científica para radioamadores(Radio), a descrição de seu aparelho walkie-talkie, capaz de fazer ligações de até 1,5km de distância. Ele pesava cerca de 1,2kg e operava com dois tubos de vácuo.

Em 1957 ele apresentou a mesma versão de seu walkie-talkie, mas com um alcance de 2km e com o peso de 50g. Mas o engenheiro comunista não parou por aí, no mesmo ano ele apresentara o LK-1, um telefone celular que usava ondas de rádio, tinha o alcance de 20 a 30Km de distância e uma bateria que durava 20 a 30 horas. O dispositivo manual pesava cerca de 3kg e dependia de uma estação. Segundo Leonid Ivanovich, a estação podia servir a vários clientes. O soviético patenteou seu telefone celular em 1957(Certificado № 115494, 1.11.1957). Em 1958, no Instituto de Investigação Científica de Voronej(VNIIS), Kupriyanovich iniciou a pesquisa por um sistema próprio de comunicação celular. Suas descobertas científicas eram constantemente publicadas na mais famosa revista sobre tecnologia editada na União Soviética, a Nauka i Jizn(Ciência e Vida).

Kupriyanov experimenta o seu LK-1 enquanto lê um livro em um carro

Em 1958, Leonid Kupriyanovich foi mais além, "encolhendo" sua invenção para um tamanho cabível no bolso. O aparelho de engenheiro comunista não apenas permitia ao usuário fazer ligações, como também recebê-las de telefones residenciais e também de telefones de rua. Tinha aproximadamente o tamanho de uma caixa de cigarros, como a maioria dos celulares atuais.

Kupriyanovich testa e exibe sua invenção: o aparelho celular

Em 1961, o engenheiro da União Soviética desenvolveu um dispositivo ainda menor, que cabia na palma da mão, e tinha um alcance de mais de 30km. Segundo Leonid, no mesmo ano foi planejado a fabricação desse objeto em larga escala, segundo sua entrevista dada à agência de notícias APN. O inventou também comentou sobre o planejamento da construção de estações de telefonia celular.

Celulares nas décadas de 50 e posteriores na URSS, compatíveis com uma capa ou terno
O primeiro dispositivo de telefonia celular nacional acabou sendo o "Altay", distribuído comercialmente a partir de 1963, e em 1970 ele já estava presente em mais de 114 cidades da URSS. Muitos de seus dispositivos foram inicialmente empregados pelo universo médico, em hospitais, e depois por táxis no país. O sistema foi usado em países do Leste Europeu como a Bulgária, e exibido na exposição internacional Inforga-65.


Logo, dá próxima vez que vir alguém sofismar dizendo que "comunista de verdade não usa celular", ou que "iPhone é coisa capitalista", faça questão de lembrar ao tagarela que o invento que ele usa, que contém algarismos(invenção da Índia escravista que não o torna escravocrata), foi criado pelo comunista Leonid Ivanovich Kupriyanovich, surgiu na União Soviética, e não nos Estados Unidos e sua patente é uma prova disso! 


Patente da invenção de Kupriyanov

Argumentos escatológicos são facilmente refutados com pesquisa e leitura, com o conhecimento dos clássicos do marxismo-leninismo, que revelam que seus magísteres sempre se mostraram favoráveis à tecnologia. Karl Marx escreveu na "Crítica ao programa de Gotha" que era necessário que os trabalhadores desfrutassem de conforto material no socialismo. Marx e Engels eram entusiastas do progresso industrial, condenando os métodos pelo qual foi alcançado, Lenin era um entusiasta da tecnologia, e em sua obra política fez questão de enfatizar que o comunismo dependeria do poder soviético mais a eletrificação de todo o país(a eletricidade era, então, talvez a mais avançada forma de tecnologia humana em sua época), a era de Stalin permitiu ao homem soviético dominar a mesma força que gera o sol, a energia nuclear, e Che Guevara, aluno deste último, costumava apresentar como uma das definições de socialismo a democratização da tecnologia. Logo, longe de ser proibido ao obreiro ter um iPad ou iPod, este pode ter a consciência tranquila de que é plenamente comunista portar um aparelho celular(especialmente se tiver uma capinha comunista para deixar anticomunistas irritados!), uma invenção de um gênio comunista soviético que facilita e dinamiza as telecomunicações.



Fontes de consulta:


- Muzey Oborony Mozga(Museu da defesa do cérebro). O celular soviético de Kupriyanov. Disponível em: http://brainexpo.livejournal.com/8873.html
- O primeiro celular do mundo. Artigo do site Portal o Rossii. Disponível em: http://www.opoccuu.com/pervyj-mobilnik.htm
- Em 9 de abril de 1957, na URSS, foi produzido o primeiro celular do mundo. Artigo do site Za russkoe delo. Disponível em: http://www.zrd.spb.ru/news/2013-01/news-0286.htm

BRASIL: Caro almofadinha, qual foi a sua cota?

Por Cristiano Alves




O Brasil... segundo a extrema-direita

Recentemente teve certa repercussão nas redes sociais a carta de um certo estudante da Univali(Universidade do Vale do Itajaí). Com o nítido propósito de aparecer, o estudante publicou uma carta onde alega "recusar-se a fazer trabalho sobre Marx por tudo o que ele representa de ruim". Fala em sua carta sobre "pressão psicológica sofrida", sobre o Brasil ter um "avançado nível de marxismo cultural", que seria responsável "pelo consumo de drogas" e por todas as mazelas da sociedade brasileira. A carta foi publicada num site conservador da UFSC e no blog do economista Rodrigo Constantino, no site da revista Veja, alcançando milhares de visualizações.

Primeiramente, necessário se faz entender as visões de mundo do almofadinha da Univali. O estudante faz parte de uma universidade particular, durante toda a sua vida estudou no Colégio Catarinense, um colégio de elite de Florianópolis, mantido por padres jesuítas. Não trabalha e é filho de um empresário da construção civil e de uma designer de moda que agora abre uma empresa, em poucas palavras, o menino cresceu "tomando mel". É filho único, o que explica seu caráter de menino mimado explícito na carta. Mas o principal, é aluno do neofascista Olavo de Carvalho, um ex-articulista da revista Época e do jornal O Globo. O "professor" que o universitário catarinense respeita é um homem que defende, dentre outras coisas, tiranias totalitárias como as de Franco e Salazar, dois católicos fervorosos, a pena de morte para comunistas(incluindo nomes como o finado Oscar Niemeyer) e diz que "cospe na cara dos generais do Exército Brasileiro". Olavo de Carvalho também chama vítimas de um massacre de "boiolas" e emprega o mesmo epíteto contra conservadores da Opus Dei, que segundo ele não são "suficientemente zelosos" e nem "publicam materiais anticomunistas suficientes", ele também se apresenta como "refutador" da obra científica de Albert Einstein e Isaac Newton, condenando-os por sua postura que foge ao fundamentalismo católico medieval e tacanho. Mas, sem dúvidas, o principal ensinamento do energúmeno neofascista é a pregação ad eternum de que "estamos todos cercados de comunistas comedores de criancinhas", tentando exportar dos EUA(onde vive) o mccarthismo desenterrado dos anos 50. E se isso é pouco, o estudante da Univali se diz um "monarquista", regime escravocrata e abertamente racista, cujo imperador, Dom Pedro II, chegou a ter como mentor Gobineau, tido por muitos como "o papa do racismo". Numa das fotos de seu álbum do Facebook, o estudante citado aparece orgulhoso ao lado de um descendente de Dom Pedro I, Bertrand Wittelsbach(o nome completo do sujeito requer uma linha inteira), figura arrogante, senil e caricata que se recusa a receber jornalistas que não o tratem por "Vossa Alteza" ou que não lavem as mãos antes de cumprimentá-lo. Assim, termos um perfil do almofadinha que nada conhece sobre um autor que pretende criticar.

Em segundo lugar, as colocações do estudante catarinense são absolutamente risíveis para qualquer um que conhece o modelo universitário. Universidade não existe para insuflar egos, não é clubinho onde só se fala daquilo que se aprecia, nem igreja onde todos vão movidos por uma fé religiosa num assunto impassível de qualquer discussão ou debate. Deste modo, é perfeitamente normal e aceitável que num curso de história, por exemplo, um professor passe um trabalho sobre o paganismo para alunos que professam a fé cristã. Isso não implica em dizer que a faculdade promove "doutrinação pagã", nem quer dizer que "o professor é pagão", mas indica, certamente que a instituição promove a pluralidade de valores e o conhecimento de um assunto que costumeiramente não é abordado. Mas, para ser mais polêmico, é perfeitamente aceitável que um professor, querendo demonstrar os horrores do fascismo, passem um trabalho sobre Adolf Hitler ou Benito Mussolini. De modo análogo, é perfeitamente normal e aceitável que um professor, marxista ou não, passe trabalhos acadêmicos sobre Karl Marx, Friedrich Engels, Lenin, Stalin, Paul Baran, Paul Sweezy ou outros economistas marxistas, o que nada tem a ver com "doutrinação ideológica". Ocorre que para neofascistas, qualquer professor que não exerça a genuflexão ante a ideologia anticomunista, que não repita o mantra de que "comunistas são genocidas que mataram milhões e comem criancinhas", é automaticamente taxado de "propagandista do satânico marxismo". 

Perseguições a intelectuais acadêmicos acusados de "propaganda comunista" não são uma novidade, nos EUA ela é exercida com um caráter inquisitório desde os anos 50, da época do McCarthismo, da "Caça às Bruxas", no Brasil ela foi exercida por anos durante sua ditadura fascista, e é exercida hoje pela polícia ideológica da direita, inconformada por se ver cada vez mais longe do poder. Essa política, aliás, não se dá apenas no Brasil, nos EUA, há algum tempo, um professor da Montclaire University, Grover Furr, foi injuriado e difamado por provocadores libertários, os chamados "anarcocapitalistas". Num debate sobre pensadores, um almofadinha ianque insinuou que "regimes comunistas não deram certos por que mataram centenas de milhões", ao que o professor respondeu como sendo "bullshit"(literalmente, merda), "bollocks"(besteira), e demonstrou como em anos de pesquisa não encontrou um só crime cometido por Stalin, demonstrando ainda que a história soviética, assim como a americana, é deliberadamente falsificada para fins políticos. A postura enérgica do professor lhe valeu um vídeo onde era chamado de "louco" e blogs americanos chegaram a publicar em 4 línguas um pedido de sua expulsão da universidade, o que felizmente não vingou. No imaginário reacionário, todo país que se opõe ao capitalismo selvagem está a "matar milhões", resta saber como com tantos bloqueios, guerras civis e invasões armadas esses "Estados matadores de milhões" conseguem repor sua população tão rapidamente(a despeito da queda nas taxas de mortalidade), já que nem mesmo as estatísticas de organizações ocidentais registram decréscimos populacionais.

É gritante o baixo nível intelectual do nosso "universotário", que daria um bom participante para o extinto programa "Show do Milhão", conhecido pelo nível dos universitários participantes. O seu baixo intelecto, que só pode produzir diarreias mentais, nos "contempla" com a alegação de que "o marxismo cultural trouxe o consumo de drogas, funk, crise de valores, etc". Ora, quem promove o tráfico de drogas não é o "comunismo", mas sim o capitalismo! É uma verdade inexorável que a maior guerra promovida em nome do tráfico de drogas foi a Guerra do Ópio, promovida pela maior potência capitalista da época, o Reino Unido, após a China imperial proibir o tráfico de ópio feito empreendido pelos britânicos no Império do Meio(China), através da Índia, sua colônia. A medida tomada pela China, que qualquer "conservador honesto" declararia como moralista e justa, foi motivo para que ela fosse invadida, saqueada e humilhada por uma potência capitalista. O almofadinha catarinense, que se diz "praticante de kung fu", logo supostamente entusiasta da cultura chinesa, deveria saber que a polícia imperial chinesa chegou a queimar toneladas de ópio e fechar empresas ocidentais que o comerciavam, mas infelizmente, como advertido num famoso filme chinês de kung fu estrelado por Jet Li(Era uma vez na China), o kung fu não foi suficiente para derrotar balas.

Ora, se o olaviado diz que "droga é coisa de comunista", resta perguntar, o Império Britânico, um dos maiores traficantes de drogas da história, era comunista? Pior, os marines americanos são alguma "Guarda Vermelha"? Afinal, a maior produção de drogas está em territórios ocupados pelas forças armadas dos Estados Unidos. O maior produtor de drogas na América Latina é a Colômbia, país sulamericano com a maior presença militar americana. O maior produtor de drogas na Ásia é o Afeganistão, que concentra um grande número de tropas americanas. Segundo a rede de notícias conservadora Fox News, o USMC(Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos) faz guarida de enormes campos de papoula, da qual é extraída o ópio e a heroína, no Afeganistão. As drogas sempre foram instrumentais na regulação da balança comercial capitalista e mesmo no processo de destruição de movimentos sociais. O COINTELPRO do FBI facilitou a atuação de traficantes de droga em bairros negros com o objetivo de destruir todo o trabalho social realizado pelo Partido dos Panteras Negras e minar toda a resistência política negra. Essa atitude da camarilha capitalista é completamente distinta da política promovida nos países socialistas, onde o número de dependentes de narcóticos era mínimo. Na China, após a revolução liderada por Mao Tsé Tung, estima-se que o país que tinha mais de 30 milhões de narcodenpentes, conseguiu erradicar praticamente todo o consumo de narcóticos. A direita baseia-se na desinformação e Olavo de Carvalho e seus alunos são de fato experts em black propaganda, a ciência da mentira. Seu objetivo é chocar, através de factoides absurdos, não é produzir conhecimento, mas sim o ódio. Será que tais energúmenos tem ao menos a hombridade de assumir isso?

Mas o "conhecimento" do universotário não para por aí, a fim de fazer não apenas um desfile intelectual, mas também do que os internautas passaram a chamar de egotrip, o almofadinha diz que "lhe foi revelada a verdade oculta pela esquerda, a verdade revolucionária, ao visitar o Camboja", onde ele se tornou um "especialista em Marx". O curioso é que foi justamente no Camboja que Pol Pot afirmou publicamente "não somos comunistas, somos revolucionários", "que não pertencem ao grupo de comunistas da Indochina"(Ieng Sary, 1977, citado por Michael Vickery, p. 288). Aliás esse mesmo Pol Pot, que normalmente não é e nem nunca foi adotado como referência para partido ou comunista algum, foi justamente apoiado por aqueles que os liberais tanto idolatram, isto é, Ronald Reagan e Margaret Tatcher. O internacionalmente aclamado jornalista John Pilger escreveu em 1997, na Covert Action Quartely(algo como Semanário de Operações Especiais), um artigo que denuncia o apoio secreto dado por Ronald Reagan a Pol Pot, inclusive chegando a oferecer ao governo deste último um assento na ONU. Segundo o jornalista americano, "os EUA não apenas ajudaram a criar condições que levaram o Khmer vermelho ao poder no Camboja, como apoiaram ativamente sua força genocida, politicamente e financeiramente. De acordo com John Pilger, sem a ajuda dos Reagan e Tatcher, que visava tornar o Camboja um "Vietnã do Vietnã", que forneceu-lhe treinamento militar, minas terrestres e armas intermediadas pela Singapura, os crimes do Khmer Vermelho jamais teriam ocorrido. É importante frisar que antes de tudo isso, a tragédia humanitária no Camboja não se deu exclusivamente em razão do Khmer Vermelho. Durante os anos da guerra do Vietnã, o campo no Camboja foi intensamente bombardeado pela aviação americana, de modo que a capital Pnom Phen cresceu para 2 milhões de pessoas após a chegada de 600 mil pessoas oriundas do campo, fugindo dos bombardeios da USAF.

Mas era Pol Pot comunista? Pol Pot não era e nem nunca foi "comunista", o seu "comunismo" era apenas uma forma de se aproximar de uma potência vizinha, a China revisionista, em parte graças à influência de uma facção pró-vietnamita que depois foi expurgada do partido. Ao passo que o comunismo de Marx e Engels prega a primazia da classe operária no processo revolucionário, "proletários de todos os países uni-vos", Pol Pot apresentava os operários das cidades e intelectuais como elementos reacionários da sociedade, afirmando que "em vez de cultivá-los, o Khmer Vermelho deve liquidá-los como um legado do passado"(Thion, p. 27-8). Logo como alguém que apresenta uma postura anti-operária e anti-industrial assentada sobre um populismo camponês, pode ser chamado de "comunista"? De fato, Pol Pot deve ser encarado como um anticomunista de tipo medievalista. Apresentar tal homem, que jamais foi referência para partido algum e mesmo tem discursos impregnados de ódio contra a classe operária, como um "comunista", é uma demonstração sublime de ignorância e de má fé! Ora, não seria chocante que garotinho mimado da Silva de repente descobrisse que o "demônio comunista" que ele tanto condena em sua carta em realidade foi um homem apoiado pelos seus heróis conservadores, Ronald Reagan e Margaret Tatcher? Ídolos de seu "professor" Olavo de Carvalho. Mas que honestidade intelectual pode vir de um garoto que nunca leu Marx mas fez uma carta condenatória de seu trabalho? A propósito, a prática de "jogar bebês para o ar e apanhá-los em baionetas" é descrita por alguns estudiosos da história como "propaganda de guerra". Há inúmeras estórias na Grã-Bretanha sobre tropas alemãs empalando bebês em baionetas. Também há no Leste Europeu estórias sobre turcos empalando bebês austríacos, húngaros e russos em baionetas. Na China também há histórias sobre bebês empalados por baionetas de soldados japoneses.

Não menos ridículo que seu estilo de estilo de escrita é o "conhecimento de Lenin" do estudante catarinense. Aliás, o que o catarinense "sabe" sobre Lenin é digno de risos para quem conhece a obra do revolucionário e pensador russo. Quando Pedro fala de Paulo, eu sei mais sobre Pedro do que sobre Paulo. Quando um anticomunista fala do comunismo, nós sabemos muito mais sobre seus próprios preconceitos do que sobre o conceito que ele critica. O decálogo não apenas inexiste, como confirmado pelo próprio Rodrigo Constantino, mas é repetido ad infinitum por elementos reacionários que abominam a libertação sexual ou que tremem só de pensar em comunismo, que acreditam viverem um "marxismo cultural", como se fossem "uma ilha cercada por um oceano comunista", como se ruas tivessem o nome de revolucionários cubanos e soviéticos e as TVs transmitissem apenas "As aventuras de Chipolino" e filmes soviéticos sobre a IIGM, ou as rádios transmitissem apenas o "Coro do Exército Vermelho".

O nosso burguesinho não passa de um nefelibata! Antigamente, quem queria matar aulas ia jogar futebol ou mesmo video game, no caso de colegas deste que vos escreve, iam jogar sinuca. Alguns podem questionar tais atitudes, mas pelo menos estes não se prestavam a tal papelão. A extrema-direita acéfala e retardada escolhe seus heróis a partir de nulidades absolutas, interessadas apenas no show e no espetáculo. Pagam de "paladinos da moral e dos bons costumes", ao mesmo tempo em que tais fariseus mentem, distorcem e, pior que isso, tentam expiar o fardo de sua culpa pela sociedade que temos no "malvado comunismo comedor de criancinha". Há na sociedade muitos, principalmente dentre círculos burgueses, aqueles que atacam o sistema de cotas alegando que este "produz incompetentes e ignorantes", quando na realidades estes que o fazem são em não raros casos assim, daí, fazendo aqui uma apropriação irônica do discurso da direita, resta perguntar: João Victor Gasparino, qual foi a sua cota? Como abominações cognitivas como essas conseguiram terminar o segundo grau? Melhor seria que tal indivíduo nem mesmo tivesse entrado na universidade!